Depois de um fim de semana a dar ao pedal e ao olhar para o estado lastimável do meu quarto de costura, lembrei-me da "Mestra".
A "Mestra" da minha infância era uma costureira que ensinava a sua arte às meninas durante as férias escolares.
Normalmente juntava no seu "quartinho", agora chamado "atelier", 6 ou 7 meninas de várias idades, que passavam as tardes a costurar uma saco do pão, ou um pano da louça, a pregar botões, a pontear meias e, numa fase mais avançada, a fazer a sua própria saia.
Começava-se sempre com a costura à mão, com o básico ponto atrás, que se demorava até chegar ao fim da costura... Foi à mão que fiz (Afinal foi a minha irmã que fez. Que galo!) o saco do pão que está na imagem, com uma antiga chita de algodão, restos que a minha mãe ia juntando, onde caseei na beira de cima as passagens da fita de nastro.
As mais avançadas já faziam as costuras na máquina de pedal, ficando as principiantes a morrer de inveja por tamanha velocidade.
Eu também andei na "Mestra", que para mim era especial porque era a minha madrinha. E eu bem puxei dos meus galões de afilhada, fazendo questão de me sentar sempre que podia na cadeira que ficava ao lado da sua, para estar sempre a importuná-la com as minhas dúvidas ou a lamentar-me com os meus enganos.
- Ó madrinha, eu não consigo!!!!
Passava lá então parte das minhas férias de Verão, sentada num banquinho baixo de madeira, daqueles que têm um buraco no meio do assento, a confeccionar os meus primeiros trabalhos de costura. Cozi à mão, depois à máquina, na velha máquina de ferro da minha avó, supostamente mais segura para os desastres das aprendizes. Ainda assim eu consegui partir uma agulha enquanto inadvertidamente "cozia" o meu dedo indicador... A marca aqui continua...
Depois de muito faz e desfaz (porque a minha "Mestra" não dava folga...) e boas gargalhadas à mistura, chegava a hora de arrumar o quarto. Estávamos escaladas para os diversos trabalhos: uma para a vassoura, outra para empilhar os bancos e outra para apanhar os alfinetes de novo para a caixa (porque então, como agora, não era tempo de desperdício...)
Ontem, no meu quarto de costura, acabei o meu trabalho, olhei para mim e estava com a roupa pintalgada de pontas de linhas, apanhei do chão os alfinetes e tive saudades desses tempos!
8 comentários:
Eu não tive uma mestra, nas minhas férias, que pena.
Mas sempre posso pedir-lhe umas aulas, ou essa grande mestra não fosse minha sogra :-).
Mas o que é curioso, é que ontem o M. esteve a contar-me sobre as aprendizes irem lá para o quartinho de costura aprender com a mãe.
Devem ter sido muito bons, esses tempos.
Não tive uma "mestra" na tua acepção da palavra, mas tive a minha avó que me "mestrou" muita coisa sobre costura.
;)
Pois eu... infelizmente não aproveitei a mestra que tinha lá em casa. A minha mãe, que no início de vida quando casou também era costureira. Quando eu nasci já se tinha empregado fora de casa, mas os conhecimentos ainda os tem, só que eu nunca fui muito interessada por tal arte, mas tenho pena...Agora...
Correção: essa saca do pão fui EU que fiz!
"Ah e tal , mas tu não percebes nada de pontos de borracha, cortiça e bainhas!"
Mas não me esqueço desta minha obra de arte na costura, pena que tenha sido filha única....:)
Esta foi mal, foi muito mal. A trenga da minha irmã, que tem alergia a agulhas e linhas foi fazer logo AQUELA saca, que está religiosamente guardada nas minhas gavetas?!!! Concedo, até porque lhe encontrei lá uns defeitos na "costura de borracha".
Ah,ah,ah,ah...
Desculpa lá, ó maninha, foi mesmo mau!
Zangam-se as manas...
Também eu me lembro das mestras, das modistas e das costureiras figuras que desapareceram. Mas a herança ficou e ainda vai havendo alguém a pegar na agulha e no dedal.
:))
Estas manas não se zangam, estas manas adoram-se!
"Ganda" Dina, aposto que te sentes vingada...
Na minha terra não devem existir "mestras". è que eu não conhecia as palavras chita, pontear, caseei, nastro,...até pensei que estavas a escrever com erros ortográficos!
Aposto que se algum dia tivesse andado na mestra, eu que nem um botão sei colocar outra vez na roupa, ia adorar apanhar alfinetes e separá-los por cores, numa caixinha cheia de divisórias...
E quem não sabe, a mais não é obrigado. Toma lá.
Mãe das M&M's.
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