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quinta-feira, 21 de junho de 2007

"Se calhar" ela não percebeu...

Este deve ser o post que mais me está a custar escrever, porque o assunto me desagrada, porque é um bocadinho íntimo e porque não sei bem o que fazer. Talvez seja mesmo por isso que estou a escrever, para ver se entendo o que aconteceu ou se alguém entende e me explica.
Quando fui buscar a L. ao ballet, ao fim da tarde de ontem ela sussurra com ar comprometido que eu "se calhar" me vou zangar com ela. Porquê, pergunto eu. Responde que fez uma coisa que eu "se calhar" não vou gostar.
Ela tinha razão, eu não gostei!
Contou-me então que na escola, durante um intervalo, alguns meninos a rodearam, numa zona menos vigiada do recreio e lhe pediram para mostrar o "rabinho" e o "pipi".
- E tu??? - perguntei já com medo da resposta.
- Eu mostrei...
- Porquê? - em choque.
- Porque eu não vi a Fatinha (a empregada) para me queixar...
Engulo em seco e tento encontrar as palavras para lhe falar.
- Está errado, não deves fazer isso, ninguém tem que querer ver essas partes íntimas do teu corpo, são só tuas e não são para mostrar a qualquer pessoa, muito menos no recreio da escola, a meninos tão maldosos. É feio, nenhuma menina ou menino anda a fazer isso na rua ou na escola, pois não?!
- Não, responde já trémula.
Passados uns momentos, insatisfeita e com redobrados receios, admito, tento saber em que circunstâncias é que tudo aconteceu, apesar de ter vontade de esquecer o assunto.
Então ela diz-me que foi para aquele sítio brincar com umas amigas e quando os meninos se aproximaram e lhe fizeram aquele pedido abusivo, ela acedeu, pura e simplesmente, não fugiu, não respingou, não gritou, não barafustou, acho que até se sorriu. Ela, que nunca leva troco para casa e até já aprendeu a engrossar a voz quando a aborrecem, fez-lhes a vontade.
- Não mãe, não baixei as calças todas, foi só até aqui (coxa).
Como se já não fosse o suficiente...!
Não consigo acompanhar este desbrotar das crianças para a sexualidade, sobretudo quando elas têm 6/7 anos. Por mais simples e clara que seja a minha abordagem do assunto com eles, por mais directa que seja nas respostas às perguntas que eles me fazem, fico sempre com a sensação que eles não percebem que a intimidade é essencial neste assunto e que só nós próprios a podemos preservar. O ambiente que nos rodeia, da televisão, das revistas, das telenovelas (que eu garanto que não são vistas em casa por eles) não ajudam, e mostram um lado leviano que desvirtua a realidade. Assusta-me ser confrontada com esta realidade tão precocemente, quando as suas convicções ainda não estão formadas e o que é importante é ser popular no grupo...
Os meninos foram repreendidos, a L. também ficou de castigo, mas não sei se eles entenderam o que nós, pais e educadores lhes queremos transmitir. Tentamos poupar às repreensões, aos castigos e aos tabus, mas há um limite que é muito difícil definir, e que provavelmente só o tempo e o crescimento lhes vai ensinar. Pode ser apenas uma brincadeira (parva) de crianças, como pode ser o princípio de uma educação sexual desvirtuada, despudorada, desprotegida e sem valores. E eu, e nós, mães, pais, professores, enfim, adultos, não conseguimos controlar, porque não conseguimos estar presentes em todas as situações em que eles pisam o risco...
Diz-me no fim,
- Ó mãe, eu já percebi que é um nojo!
- Que bom filha, porque é mesmo isso que eu quero que tu entendas, que não é bonito, que não é bom e que só serve para alguns meninos marotos se divertirem à custa da tua exposição.
(...)
- Mas há uma parte em que a mãe, o pai e os irmãos vêm no banho...
- Vêm no banho, não pedem para tu mostrares, e é no banho quando estamos só nós, a tua família...
(...)
Acho que está na hora de começarem a tomar banho sozinhos!
A minha menina está a perder a inocência!!!

domingo, 3 de junho de 2007

A mamã pôs um ovo!

A primeira vez que tive necessidade de explicar aos meus filhos como nascem os bebés, estava grávida do G. e o J. e a L. perguntaram como é que ele foi lá parar. Por um acaso, "esbarrei" num livro chamado "A mamã pôs um ovo!" que, de forma lúdica, animada e até ousada, esclareceu as suas dúvidas.
Sempre que me questionam sobre o assunto, respondo da forma mais clara possível, como sendo um acto de amor entre 2 pessoas que se conhecem muito bem e se amam muito, como o pai e a mãe.
Há algum tempo atrás, o J., no auge dos seus 8 anos, perguntou-me:
- Ó mãe, tu e o pai fazem "séxico"?
Engoli o riso, corrijo o erro ortográfico e respondi calmamente que sim.
Agora foi ele que não conteve o riso. Piscou o olho à irmã e disse:
-Hi, hi, hi... o pai e a mãe fazem "séxico"!
(Está a ser difícil acertar na palavra...!)
Continuei dizendo que é normal entre namorados acariciarem-se, beijarem-se e abraçarem-se, demonstrando assim amor que sentem um pelo outro.
Passado algum tempo, eu e o pai fomos de férias sozinhos e uns dias após o nosso regresso, pergunta-me o J.:
-Nas férias, o pai pôs sementinhas dentro de ti, mãe?
-Sim filho, namoramos muito. - respondi.
O assunto acabou ali, acho que percebeu!

Assim têm sido as nossas conversas, sem grandes pormenores sem grandes fantasias.
O amor tal como ele é, a sexualidade tal como ela é, simples e íntima. Um desafio para se descobrir a dois, os dois que se amam! Foi assim connosco, espero que seja assim com eles!