terça-feira, 11 de outubro de 2011

coser as saudades

Nestas férias de Verão terminei, finalmente, uma manta para a cama do João.
Há mais de um ano, ele pediu-me para fazer uma manta para ele. Escolheu o modelo neste livro e as cores ao seu gosto, retiradas dos intensos sólidos das prateleiras da loja.



Animada pelo entusiasmo dele, logo de seguida cortei os moldes e depois os tecidos e planeie o trabalho.
No entanto, o ritmo dos dias trocou-me os planos e este trabalho juntou-se a tantos outros que acumulam pó nos sacos e caixas do quarto de costura.
Dia após dia, olhava para os tecidos prontos a coser sem tempo para lhes pegar e finalmente dar corpo àquele monte de tiras. O João perguntava-me insistentemente pela manta, com pena por não a ver crescer.
Com a consciência no chão, adiava o trabalho por isto e por aquilo, pelos presente de Natal e de aniversário e pelos milhões de coisas que se atravessam para fazer todos os dias.


Quando finalmente fiz o topo da manta, coloquei-a na cama para experimentar e reparei que era demasiado larga e curta para a cama dele.

Fiz, desfiz e refiz e voltou a ter forma, quase pronta para acolchoar.



Mas foi preciso o rapaz sair de casa para um acampamento de muitos dias, para me dar o empurrão que precisava. 

Enquanto pensava nele e na fantástica experiência que estava a viver, cosia as saudades com linha de algodão na manta que ele tanto desejava.


E aí, as horas rendiam e sobravam pela noite dentro, com o coração retalhado de uma mãe mimalha, que empurra os filhos para o mundo, a esconder uma lágrima no olho.



Ele regressou de lá novo, feliz, crescido e com uma manta nova para o cobrir nas noites de Verão.

Se calhar nada acontece por acaso e esta manta podia bem chamar-se "saudade"... 


5 comentários:

Isabel Oliveira disse...

Espetacular! Linda. Parabéns ao filho pela mãe talentosa e pela bonita escolha da manta. parabéns à mãe pelos extraordinários e encantadores filhos! SÃO TODOS LINDOS

Anónimo disse...

Está lindíssima.

O bom gosto na escolha das cores e formas deve ser hereditário.
Um texto escrito com o coração...

Isabel Santos

Anónimo disse...

Olá Isabel,
Já tinha saudades de a ver por cá.
A manta é lindíssima. parabens.

Bjs

Maria da Graça

Anónimo disse...

OLá Isabel
Sou seguidora silenciosa do seu blog sempre tão interessante... Gostei muito deste quilt, bem feito...Mas atrevo-me a perguntar, como se consegue quiltar na máquina tão a direito sem "escorregarem " as três camadas (tecidos e batting)...
Obrigada pela atenção
Rosa

isabel disse...

Obrigada pela companhia, Rosa!
O quilt, antes de ser cosido, tem que ser "ensanduichado": coloca-se o tecido de trás (com o avesso para cima)no chão, bem esticado com fita-cola de papel; por cima coloca-se o batting e por fim o top. De seguida, unem-se os 3 elementos com alfinetes de ama distribuídos ao longo do quilt com uma distância de cerca de um punho fechado. Depois disto, pode-se ir para a máquina porque os tecidos não vão escorregar.
bj