quarta-feira, 1 de outubro de 2008

fora de casa


A menina do meio, a meio da semana, foi dormir a casa de uma amiga, quase menina crescida, quase sem me dar tempo para reagir.
Entre um dia e o outro, sonda-me com a hipótese, fornece os contactos e faz o saco do pijama.
Sem argumentos, sem espaço para "depois vê-se" ou "vou pensar", ela diz-me que já pensou e combinou tudo com a amiga e que a mãe dela também deixa e depois vão as duas para a escola, e adormece rápido, e porta-se bem, e não faz fitas à mesa...e já está o telefone a tocar com a mãe da amiga do outro lado.
E assim lá fomos nós, com uma menina em pulgas por dormir fora de casa, numa casa que não é da avó nem da tia, sem os irmãos nem os pais, só ela e a novidade da experiência.
Envergonho-me só de lembrar que, com a mesma idade, na primeira tentativa de dormir fora de casa sem a minha mãe, fiz um pranto descomunal em casa dos meus primos, cheia de saudades e de mimo, e acabei por regressar a casa já tarde da noite e de pijama vestido, sob o pretexto de uma dor que nunca senti.
Deixei-a muito bem, a armar-me em descontraída, mas com a sensação que ficou lá também um braço dos meus, ou uma perna, ou qualquer parte do corpo que não sangra a sair mas dói que se farta.
O J. e o G. também foram e à saída, o J. diz-me que a casa da amiga da L. é gira, tem muitas coisas, muitas televisões, dvd's, um computador e play station ... mas está tão arrumada?!!
O que me podia deixar frustrada, animou-me. Realmente a nossa casa não tem tantas coisas, tantas máquinas e não está, realmente não está nada arrumada.
Na desarrumação da nossa casa brinca-se muito, constróem-se castelos no meio do quarto, confrontam-se barcos no meio da piscina, montam-se puzzel's no chão da sala, dribla-se a bola no meio da cozinha, fazem-se espectáculos de teatro com as roupas do Carnaval, pinta-se com tinta no quarto de engomar e fazem-se robots de cartão no escritório...

Às vezes, também se deita depois das 23h em dias de escola, como ontem.

Mas ontem, ontem o dia foi especial, foi dia de festa e de alegria, foi dia de cantar muitos anos de vida ao pai dos muitos e apagar 36 velas, que eu ajudei a soprar mais de 20 vezes...

8 comentários:

Virgínia disse...

Podia dizer mil palavras mas acho que um sorriso de compreensão diz mais e melhor.
:) Um abraço*

Anónimo disse...

As casas desarrumadas são muito mais divertidas!!

Anónimo disse...

Olá Isabel
Os meus dois, nunca dormiram fora de casa, com a excepção dos acampamentos dos escuteiros, que no inicio me doíam muito, agora já me habituei.
Mas a minha casa serve muitas vezes de hotel aos seus amigos porque a rapaziada, a maior parte filhos unicos, adora dormir em casa dos gémeos. Eu cá não me importo nada e lembro-me que há uns anos, pareceu-me que durante a noite havia alguém que se mexia muito na cama, um amiguito estava com medo, peguei nele ao colo e trouxe-o para a minha cama, de manhã sem ninguém dar conta levei-o novamente para o outro quarto, e ficou um segredo só nosso. Quem melhor do que as crianças para guardar segredos ? Ninguém descobriu que ele tinha medo de ficar fora de casa, até os pais se admiraram da sua façanha. Talvez um dia o T escreva isto nas suas memórias, quem sabe ?

Já estava com saudades das suas crónicas, sei que tem andado muito ocupada, mas quero que saiba que me faz muito bem ler os suas histórias.
Um grande beijo
Maria da Graça

Celia disse...

Estas desarrumações são de casas com gente FELIZ!
Parabéns tb ao pai dos muitos.

mãe disse...

Parabéns ao pai dos muitos e aos restantes muitos...
Casas desarrumadas por muitos a brincar são casas felizes (sim, também digo isto para me convencer ;) )
beijinhos

Tereclopes disse...

Parabéns ao pai e a toda a familia. Quanto a arrumações não te preocupes, as casas são para viver e não para servirem de museu...
Beijinhos

Menina Rabina disse...

São desarrumações boas as vossas!!! Parabéns ao pai dos muitos!

Mãe da Rita disse...

Andei por aqui e fui lendo... Gostei muito, ficou-me a nostalgia dos irmãos que não tive e que a minha filha, muito provavelmente, não terá... E fiquei com vontade de fazer tricot e de mexer em panos bonitos. Fui criada com costureiras e a vontade de fazer coisinhas para a minha filha um dia vai levar a melhor, especialmente depois de ir descobrindo tantas ideias giras (aquelas blusas com alças em crochet, ui!!). Obrigada pela partilha! Parabéns ao Pai. Bjs para todos, MJ