segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Bordados e Rendas nos Bragais de Entre Douro e Minho

Recebi um livro novo, uma edição esgotada de 1994, do Programa de Artes e Ofícios Tradicionais, intitulada Bordados e Rendas nos Bragais de Entre Douro e Minho.

Este achado não foi fruto do acaso, mas o resultado de uma consulta prévia a um grande alfarrabista do Porto, a quem foi pedido "tudo o que tiver pr'aí guardado sobre bordados".


É assim que o meu pai tem encontrado os livros que vão enriquecendo a minha biblioteca, numa busca insaciável de novas raridades.


Este livro tem ainda um sabor especial, porque foi recebido em troca de outros livros, escritos pelo meu pai, no seu trabalho de investigação histórica, que o vem preenchendo há mais de duas décadas e que assegura o registo fiel das tradições e costumes dos lugares que estuda.

Como me disse ele, "este livro chegou a ti pelas páginas que escrevi..."



Além de uma vastíssima informação sobre as tradições artísticas desta região do país, esta obra é enriquecida com excelentes imagens (que eu não fui capaz de reproduzir condignamente) que enchem os olhos a qualquer apreciador destas artes.


Parei na página das rendas de bilros, onde figura o pano do sol, uma renda executada pela Maria da Guia, uma talentosa rendilheira do Museu das Rendas de Vila do Conde, das mais importantes mestres dessa arte, em cujo mister se iniciou com apenas 4 anos de idade.


Com ela eu tive a honra de aprender a trabalhar com os bilros e fazer as minhas primeiras rendas.






"Bordados e Rendas nos Bragais de Entre Douro e Minho abrem os olhos ávidos de ver os segredos escondidos em arcas e cómodas de guardar enxovais, tesoiros para noivar e transmitir, objectos que se possuem e quase nunca se usam. Ficam sempre para filha ou neta, como a fotografia desbotada, sépia, nítida de uma parente de quem mal se lembra o nome, mas se tem orgulho em mostrar, ascendência que testemunha a raiz de uma família. Contudo, a mais das vezes, o gesto miúdo, o aperfeiçoar do ponto pertenceram a gente que vivia da jorna, ganhava de comer e era paga pelo gosto de fazer o que fazia. Legaram-nos, com excepção de um ou de outro caso, patrimónios sem assinatura, monumentos construídos de arquitecto desconhecido, porque os gestos eram saber daquelas terras e a sensibilidade tinha a sua satisfação no criar do maravilhoso que ainda agora nos encanta ao olhar estes objectos."




Eu já estou encantada, e profundamente agradecida, por os poder admirar em livro.

5 comentários:

Anónimo disse...

Olá Isabel

Parabens pela nova aquisição. Mas o meu proposito é saber onde adquirir o livro sobre o Governo Civil do Porto e a História das Instituições do Distrito do Porto.
Para além disso ando à procura há anos, e penso que já corri a maioria dos alfarrabistas de um livro de José Rodrigues Canedo chamado " Natalindo ", será que o seu pai sabe onde o posso encontrar?
Bjs
Graça

Tereclopes disse...

Que gratificante para mim, foi ter descoberto o teu blog, estou a aprender imenso com ele, os bordados , as rendas e tudo o que se relaciona é assunto que sempre me apaixonou . Vou andar muito por aqui.
Obrigada e beijocas

Concha disse...

adoro olhar para os enxovais da minha m�e e da minha av� e de saber a hist�ria dos linhos e dos bordados que possuem (e que p�em a uso!). Esse livro parece ser �ptimo!

Anónimo disse...

Parabéns por pelo blog, muito informativo e que belo livro. Aproveito para convida a visitar o blog Renda de Bilros Brasil e ver também os belos livros editados no Brasil com essa arte que foi trazida pelos açorianos ao Brasil.
http://rendadebilro.blogspot.com/

Tina disse...

Tenho visitado o seu blog, e também gosto de bordados e bilros, mas em Portugal não há muitas publicações,sou apaixonada por Artesanato, também procuro livros em feiras e alfarrabistas.

Tina