terça-feira, 31 de julho de 2007

Manif

Os muitos estão esta semana entregues aos cuidados dos avós, os meus pais, que já estão bem habituados à animação garantida com a sua companhia.
Depois de uma semana de férias a dois, confesso que não tenho muita pena deles e até lhes faz bem recordar o rebuliço por que passam durante todo o ano. (cá p'ra mim já te estás a armar!)
Ontem, para estrear a semana, foi um daqueles dias em que eles estavam em "ponto de rebuçado" (isto para usar palavras doces...)
O G. cismou (ele que nem é de cismas!!!) que se queria sentar na cadeira do meio.
Do meio de quê ninguém chegou a perceber mas também não importa, porque a birra começou de imediato: esperneou, deitou a cadeira ao chão, gritou, berrou e até se candidatava para "afinfar" na avó...quando esta o segura e o leva para o "retiro" da sala para conversar com ele. Como o G. não estava para grandes conversas e a gritaria ouvia-se na vizinhança toda, os irmãos, que até estavam, na divisão ao lado, adiantam-se em defesa do pequeno, o que deixaria acanhado qualquer sindicalista de carreira, tal era a união contestatária.
"Não se faz isto, castigá-lo!"
"Ele não tem culpa porque só tem 3 anos."
"Ele é pequenino!"
"Uma vez ele foi sozinho para o ringue e o pai não ralhou."
(só não disseram que foram eles que o levaram...)
Só uma birra do irmão para juntar os outros dois na sua defesa! Até eles se devem ter admirado por estarem de acordo na manifestação contra a repreensão dos avós. Pobre do menino, tão mal comportadinho que ele é!!!
O J. voluntariou-se até para resolver o problema: "Eu vou acalmá-lo!"
Não foi preciso, a avó já o tinha feito e muito bem feito, porque ele vinha mansinho e já se sentava em qualquer cadeira ou banco.
O meu pai também se admirou: "O que é que lhe fizeste?"
Não fez nada! Apenas lhe deu tempo para se acalmar sem plateia! É um espectáculo a minha mãe!!! E como recompensa vai ficar com eles mais 4 dias...inteirinhos!

segunda-feira, 30 de julho de 2007

O J. é um "postal"!

A tentar convencer-me a ficar no andar de baixo até tarde e a ser o último dos muitos a deitar-se (como se eu já não estivesse vencida e convencida...), diz-me:
- Eu quero ficar contigo todo o tempo em que estiveres a fazer os teus trabalhos, para aprender como é que se faz. Não quero ser como o pai, que não passa a ferro!
- Mas o pai também trabalha. Ouves? Está a regar a relva e até já sabe fazer sopa!
- Pois eu sei. Sabes mãe, quando a minha mulher fizer anos eu vou dar-lhe um Ferrari!

Fiquei atordoada...

- Olha que isso é muito caro, custa pr'aí uns 80.000 contos! - tentando chamá-lo à terra...
- Mãããe, já não há contos!!!!

Afinal foi ele quem me chamou à terra...

- Está bem, tens razão, mas são muitos euros, é mesmo muito caro!
(...)

- Então compro uma loja no Shopping só para ela, para se maquilhar de manhã à noite!

Fui-me ver ao espelho, de facto estou a precisar de dar um jeitinho a esta cara!!!
Reinvisto na educação dele e avanço:

- Mas sabes que isso não é o mais importante. Se gostares da tua mulher, o que lhe deves dar é...

(Interrompe)

- Eu sei, eu sei! É amor e respeito, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença...É o que os Padres dizem não é?!"

Pensei: "É!"

Esta conversa toda porque ontem eu deixei de ter 32 anos e ele não se conforma que Agosto seja só no próximo mês e que o dia 22 seja quase dos últimos dias!!!

sexta-feira, 27 de julho de 2007

"Atropelei-me!"

"Caí-me!" "Bati-me!"
É com estes desabafos que a L. se sai quando se espalha contra tudo o que é obstáculo que lhe aparece à frente, de que toda a gente se desvia, menos ela...
Não é problema de visão, apesar de ela usar óculos para trabalhar (a tratar um ligeiro estigmatismo), nem sequer de audição, porque ela ouve tudo o que interessa e o que não interessa também.
É mesmo pura distracção, despiste, descuido, abstracção...
O meu pai diz que ela é filósofa ou vai ser artista, tais são as semelhanças de comportamentos com as características típicas dos artistas.
Eu, assim de mãe para mãe, penso que a L. é "natural", a direito, sem desvios e não tem culpa que as coisas lhe apareçam à frente, sem avisar.
Até agora, ela encarava esta sua característica com descontracção, sem trauma nem dramatismos (assim fosse o J.), ria-se, riamos-nos e pronto, lá saía um beijinho para mais uma pisadura nas pernas.
Mas hoje não foi isso que aconteceu: a L. tropeçou num banco que estava no sítio onde sempre esteve, quase mergulhou para o meio do tapete da sala e saiu-se com um "Atropelei-me!".
Rimo-nos e esperamos que ela se risse como habitualmente.
Mas não se riu, chorou, levou a mal, ofendeu-se e disse que acidentes destes acontecem a todos e não têm graça nenhuma! Atropelar quer dizer cair e não percebe porque é que se riram disso!!!
Como ela nos percebeu! Nós achamos graça foi à expressão, não foi ao tombo que ela ia dando, porque cada façanha destas deixa-lhe sempre um carimbo no corpo. Que diabo, a isso nós nunca achamos piada. Mas o modo como ela sempre reagiu a estas peripécias é que era singular!
Acabou-se! Já mais ninguém se ri (não respondo pelos irmãos)!
Está mesmo a crescer a minha "patanisca"!

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Surpreendida

...fiquei eu quando ontem, ao chegar a casa a horas impróprias para uma mãe de muitos, me é servido um jantar delicioso feito pelo pai. Tive direito a sopa, de ervilhas com alho francês, fez questão de me elucidar, e a massa com carne, guarnecida com dois tipos de legumes!!!
Vejo-me por isso no dever de corrigir a imagem que transmiti dos (poucos) dotes culinários do R., podendo até afirmar que ele passou com nota máxima no teste da sopa.
Não importa se comi tudo de pé (porque já toda a gente tinha jantado e a minha consciência não me deu direito a descanso), mas a verdade é que me agradou especialmente esta novidade, depois de vários anos a tentar convencê-lo a aprender a cozinhar, aliás, a ter vontade de aprender a cozinhar.
Cheguei à conclusão que não foi a vontade que o fez cozinheiro, mas antes a necessidade.
De uma forma ou de outra o resultado foi excelente e eu já não me sinto tão insubstituível nestas lides domésticas.
Está a ficar um homenzinho o pai dos meus muitos!!!

segunda-feira, 23 de julho de 2007

O baú da minha avó


Fui ao baú da minha avó encontrar as roupas que enchem as recordações da minha infância. Por convite da Saloia e sugestão da Rosa, resolvi voltar a esses tempos.

Na então aldeia onde vivo (que agora é Vila e nem sei bem porquê), fazem-se, no início de cada ano, as romarias ao Menino Jesus, onde toda a freguesia se agrupa por lugares, organizando uma dança e reunindo oferendas para levar em cortejo até à Igreja Matriz, para aí beijar o Menino Jesus e depois leiloar todos os produtos numa sessão que se prolongava normalmente pela noite dentro.
A competição era imensa (agora nem tanto), o que tinha sempre o excelente resultado de se juntar ainda mais fundos para as obras paroquiais.
Vendiam-se produtos da terra, vinho, roupas, "monos" que já ninguém queria, mas sobretudo "prendas", que era o nome dado aos tabuleiros de refeições completas preparadas pela dona da casa, que depois ia ao salão paroquial comprá-las, para comer em casa com toda a família.

Sempre um bocado teatral, desde cedo me envolvi nestas coisas, mas nem tinha grande hipótese de escapar.


O meu pai, desde que me lembro, foi o leiloeiro. A quantidade de galinhas, cebolas, feijão, ovos e batatas que iam parar lá a casa era incomportável. Uma vez até comprou uma cabra e quem o mandou pastar a ele foi a minha mãe, coitada! Isto para não falar de uma cama ou até roupa que eu não sei a quem é que ele julgava que ia servir!!!

A minha avó paterna era a distribuidora das roupas tradicionais usadas pelos dançarinos que desfilavam nas ditas romarias. Empreendedora, como sempre foi, comprou, alugou e confeccionou roupas de todos os tamanhos e sobre todos os temas (pescadores, lavradores, padeiros e tantos outros) que alugava anualmente a preços simbólicos, registando os destinos minuciosamente no "livro". Não lhe escapava nada e até para rentabilizar o negócio, dividia lenços de vianense a meio (que crime) que assim já dariam para duas cabeças.

Desde pequena que a ouvia dizer "Se me tivessem deixado estudar eu daria uma grande Advogada".
O feitiço caiu-me em cima e eu não achei grande piada!!!

A minha avó, que sempre foi muito vaidosa, e com razões para o ser, desfilava no centro do alinhamento de dançarinos, vestida com a roupa mais rica e com o lindo "chapéu de alamares" (que irei fotografar assim que o encontrar), levando à cinta o saco para recolher o dinheiro no peditório que era feito a caminho da Igreja.

Toda a família era convocada para dançar, representar (em cima de um camião) ou a tocar acordeão (esta era a parte do meu irmão), lá íamos nós "puxar" pelo nosso lugar, numa alegria que contagiava quem nos via passar.


sábado, 21 de julho de 2007

O meu quintal


...que nem é meu, é dos meus pais. Quer dizer, é mais do meu pai, é dele de coração e da minha mãe é mais produção (sempre foi uma mulher muito prática!).

Este magnífico quintal só é meu e dos meus porque vivemos ao lado dos meus pais, com o luxo de nem termos muros a separar as nossas casas.

O "nosso" quintal tem milhentas árvores de fruto, de todas as espécies que o senhor do horto podia arranjar (o meu pai é do género de ir aos sítios e pedir uma de cada e o pior é que eu tenho bem a quem sair...).
Tem também "novidades", isto é, legumes da época para os urbanos como eu, que só passado alguns anos a ouvir esta expressão é que percebi o que significava.

Neste quintal há também uma macieira por cada neto dos meus pais, e já vão em 6...e até medronheiros, nogueiras, aveleiras e até um sobreiro que ficou do tempo da fundação.

Até pareço entendida, mas não sou, sou completamente despistada e desligada destas coisas da terra e da agricultura e só era convocada para a apanha das batatas porque tinha que ser e até o "pianista" carregava os sacos com as ditas, não sem antes acondicionar as suas mãos com umas luvas.
Eu sou tão despistada que pergunto frequentemente à minha mãe se tem este ou aquele legume para pôr na sopa e ela diz-me que sim, entrega-mo num saco, mas informa-me que se eu quiser mais é só ir ao quintal, que eles estão mesmo em frente à porta da minha casa...sua cegueta!!!

É assim, com os legumes, com a fruta, com os ovos, noutros tempos e foi preciso o meu pai falar-me da romãzeira que plantou em frente à porta da minha casa, só por minha causa, porque gosto muito de romãs, para eu me dar conta que devia estar mais atenta.
Fui vê-la, e publiquei-a aqui para que vocês também a vejam! Está linda!

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Cheira a broa


...e foi o J. que a fez. Broa de Avintes, com direito a chouriço e tudo.

Foi preparada e cozida aqui, durante as Oficinas de Verão que tão bem o têm ocupado esta semana.

Ele estava radiante e eu fiquei esfomeada só ao sentir aquele perfume a pão acabado de cozer.

Ao admirar aquele trabalho, reacendeu-se a minha esperança em ter em casa alguém que cozinhe para além da mãe (o pai ainda não passou da lição das tostas mistas e das torradas e mesmo estas nunca aparecem ao pequeno almoço...).

É que ele nesta semana também fez gelatina com fruta aos pedaços, que fez as delícias da nossa sobremesa.

Mas como o J. também tem uma certa queda para o negócio, tratou de vender logo a broa e eu, para dar ânimo ao seu esforço, até lhe paguei 2 €, pensando estar a comprar a broa inteira. Enganei-me, comprei apenas metade, quase reduzida a 1/4 e praticamente sem chouriço, porque a outra metade era "para mostrar às pessoas que pudessem estar interessadas em comprar às fatias".
É bisneto de merceeiro e está tudo dito!
P.S.- "Ó J., já pus a fotografia da tua broa na Internet".
Responde: "Eh mãe, tu és jornalista?"

quarta-feira, 18 de julho de 2007

O desmame

Não estou a falar da amamentação, mas da ida para o infantário, que é bem pior do que deixar de amamentar.
Com o mais velho, pelo menos, foi um drama...para mim, claro está!
Foi relativamente fácil a escolha da escola.
Um dia fui visitá-la com o J. e ele gostou tanto que chorou para vir embora. É mesmo esta! - pensei e com 2 anos lá deixamos o menino numa primeira semana de adaptação.
Foi para a sala da Carolina, que é um amor e ainda hoje cuida dos meninos daquela escola, dos meus e dos outros, e foi a minha sorte.
Como em Setembro já estava hipergrávida da L., e certamente com a minha sensibilidade ao rubro, deixava-o na escola por duas horas e ia chorar para a esplanada da praia.
Ele também chorou, também não queria ficar e também fazia birra para comer. E é assim que tem que ser, pois não se admite que eles gostem mais de estar na escola do que com os pais!!!
Os dias foram passando ( as minhas estatísticas dizem que são 15 dias) e reencontramos rapidamente um menino feliz.
Com os irmãos foi mais fácil, pois quando entraram ainda lá tinham um irmão noutra sala (a vermelha, a dos crescidos!!!), mas para mim continuou a ser difícil, embora com menos lágrimas, com menos telefonemas...por dia e com mais desprendimento na hora de os deixar.
Estarei a ficar mais fria, mais insensível?! Não sei! Talvez mais confiante! Porque isto das escolas é como os Pediatras, depois de bem escolhido, é só confiar!
E assim ficaram eles hoje e por mais dois dias neste ano lectivo, entregues, bem entregues, acredito, e eu menos ansiosa, muito menos...

terça-feira, 17 de julho de 2007

Uma história

Há uns tempos uma amiga contou-me uma história que nem ela imaginava como foi importante para mim ouvi-la:
Numa aldeia do interior havia um sacristão que não sabia ler. Para fazer o seu trabalho e em face dessa sua dificuldade, recorria ao Padre para o ajudar decifrando o enigma das palavras.
Um dia este Padre foi para outra freguesia, tendo sido substituído por um outro Padre na igreja dessa aldeia.
Aflito com a possibilidade de ser despedido e sobretudo humilhado por não saber ler, o sacristão demitiu-se antecipadamente.
A vaguear pelas ruas da aldeia e à procura de um quiosque para comprar cigarros, chegou à conclusão que não havia nenhum nas redondezas.
Então pensou em abrir um quiosque e criou o seu próprio emprego. O negócio correu tão bem que abriu outro e mais outro e ainda mais outro até se tornar numa grande, grande empresa.
Uns anos mais tarde, quando estava no Banco para assinar um contrato, disse ao seu gestor que não o podia fazer sozinho, pois não sabia ler.
Admirado, o gestor perguntou-lhe como é que ele conseguiu ser um grande empresário, com tanto sucesso se nem sabia ler?
Adiantou-se até dizendo:
- Se o Senhor soubesse ler, como estaria neste momento?
Resposta do homem:
- Seria sacristão na igreja da minha aldeia!
Ando há muito tempo à procura do meu "quiosque". Já o criei e um dia destes está a vender "jornais".
Espero que corra bem. Preciso que quem está comigo neste projecto e me está a ajudar também acredite nisso.
Perdoem-me, foi só um desabafo!!!

sábado, 14 de julho de 2007

Quem sai aos seus...


...não degenera.
A L. não herdou só a semelhança física da mãe, nem só o feitio "excomungado" que eu tenho, também tem o mesmo gosto para os trabalhos manuais...e a tendência para fazer vários ao mesmo tempo!!!
Ali está ela de tricotin em punho a resmungar contra a lã que resiste em ir para o seu lugar.
A minha mãe também é assim, apesar de nenhuma das mulheres da sua casa gostar destas coisas de agulha. Acho que já está nos genes e não vale a pena contrariar!
Esse defeito de gostar de fazer várias coisas ao mesmo tempo, porque cada técnica é um fascínio, porque cada trabalho é um desafio, ainda que dali a alguns dias, meses ou até anos, também passou de mãe para filha.
A minha mãe anda a fazer uma colcha de renda em rosetas há cerca de 30 anos, que já foi destinada à cama de solteiro do meu irmão, depois seria para o casamento dele, mas não ficou pronta, depois ainda era para o meu casamento, mas já passaram 10 anos e agora não é para dia nenhum, é para quando lhe apetecer, porque colchas destas só se fazem uma vez na vida e quando não se está no seu juízo perfeito... e a minha mãe já fez a dela, com 420 rosetas (a quantidade de vezes que eu ouvi este valor!).
A piada foi que esta colcha, a do enxoval da minha mãe, também cobriu a minha cama no dia do casamento e teve o mesmo uso no casamento da minha irmã. Já tinha que ser assim!
Mas isto não é lá grande virtude, achamos nós (eu e a minha mãe) e que até é um enorme defeito. Estou sempre a ouvir dela: "não sejas como eu, o que começares acaba, olha que depois fica pr'aí empatado!". E é que fica mesmo!
Para quem gosta desta coisa dos crafts, quase todos os tipos de trabalhos são interessantes. Estou sempre pronta para experimentar coisas novas e "mando-me" sempre para grandes projectos, que apesar de tudo vão-se acabando, mas alguns com anos de duração...
Até os bilros já dançam nas minhas mãos e nas da L., que tem um golfinho a caminho. É um consolo ouvir o som dos bilros a bater!!!
Só lamento não ter tempo para fazer mais coisas, para ensinar mais aos meus filhos (apesar de o J. também fazer umas coisas) e transmitir-lhes este fascínio por algo que é só nosso, do nosso tempo, porque saiu das nossas mãos, ainda que para as mãos de outra pessoa!

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Capuchinho Vermelho



Fiz uma pregadeira com o desenho do galão da Rosa.
Comecei e acabei no mesmo serão.
Estou a ficar uma mulherzinha!
Agora é só usar na saia ou com a saia e vamos ter uma menina vaidosa!!!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

A porta voz da moral

Só podia ser a L., é claro!
Aquela miúda tem tanto de teimosa como de apaziguadora, moralizadora, que às vezes até me parece que vai ser atinada daquela cabeça.
Então estávamos nós há dias num daqueles serões animados, cheios de aventura e emoção, que deixariam acanhado o próprio Indiana Jones, a tentar que o G. comesse a sopa toda antes das 22h, que já estava quase a transformar-se num iceberg de tão fria que ficou, e depois de muitas (demasiadas) ameaças de castigo, quando a L. se sai com o seguinte discurso, que passo a citar:
"Ó mãe tu castigas-nos para nos dares a educação. Nós vamos de castigo para aprendermos a não fazer mal. Ir de castigo serve para nós pensarmos que aquilo que nós fizemos está errado e que se fizermos outra vez, voltamos a ficar de castigo, por isso é melhor não fazer. Enquanto não aprendemos tens que nos pôr sempre de castigo. Eu quando vou de castigo porque fiz mal ao J., vou para o quarto e fico a pensar que fiz mal e arrependo-me.
Nós temos que ter educação para quando formos adultos termos maneiras. Se nós tivermos maneiras podemos casar e ter uma família. Só com uma família é que nós somos felizes!"

quarta-feira, 11 de julho de 2007

sou eu

Aquela ali ao lado sou eu!
Por sugestão do meu rapaz, resolvi "denunciar-me".
Porque não achou piada nenhuma ao auto retrato que fiz com o colar dos meninos ao pescoço, aquele que tem 3 bonequinhos e que já me deu muito jeito como guizo quando me inclinava para adormecer o mais pequeno......
Disse que não parecia uma pessoa que o estava a usar, mas um busto, um manequim, sei lá.
Não sou de ficar a cismar. Não gostas? Então está bem, eu mudo e mostro a minha fronha.
A escolha desta fotografia também foi dele (ai a liberdade que eu lhe dou!!!) e espero que dê para conhecer mais um bocadinho de mim.
Quanto aos muitos, continuo a reservá-los só para nós e para os nossos olhos. Desculpem, mas é que são mesmo meus e não quero que ninguém mos tire...

segunda-feira, 9 de julho de 2007

em pontas

Hoje a minha mãe encontrou, nas suas arrumações pós casamento da D., os meus sapatos de pontas que usei nas aulas de ballet. Eu já tinha guardado as outras roupas e os sapatos de dança, mas lamentava não saber do paradeiro das pontas. Ainda bem que não se perderam, os sapatos e as "toucas" que a minha mãe fez em crochet para poupar o tecido do desgaste das aulas.

A passagem pelo ballet é um problema mal resolvido na minha cabeça, porque foi uma actividade que eu adorava fazer e que, por implicância da professora e algum orgulho meu, no alto dos meus 12 anos, ditou o meu afastamento desta arte admirável. Tenho pena, tristeza mesmo e não posso ouvir um fiosinho de música sem começar a ondular o corpo...pena que não tenha parceiro para estes gostos.
"Quando o J. crescer ele dança contigo", diz o R.

Admito que o entusiasmo que transmiti à L. para aprender ballet e agora para continuar (e o início deste ano não foi nada fácil) seja o reflexo dessa frustração...

A minha mãe também nos incentivou sempre a aprender música dizendo para aproveitarmos uma oportunidade que nunca lhe foi dada.
"Se fosse mais nova, ainda ia aprender piano", dizia insistentemente.
Ainda era nova, nunca aprendeu piano, mas tem um filho pianista.
Acho que a alegria que a minha mãe sente a ouvir o meu irmão a tocar, ou a dirigir uma orquestra eu senti ao ver o espectáculo de ballet da L., sobretudo este que tinha tantos bailados em pontas.

Não resisti à tentação de pedir à L. para experimentar as minhas pontas, já que elas já não me cabiam nos pés.
Ela tentou, mas sobrou sapato para pouco pé. Fez-me a vontade, vestiu a roupa que usou no espectáculo e vi um lindo pássaro azul!

domingo, 8 de julho de 2007

Brincamos às bonecas


A L. com a Clara e eu com a L.

Aproveitamos um sábado sem rapazes para deitar a mão à agulha e fazer roupas novas para a boneca que tinha acabado de chegar de França. Chama-se Claire, mas nós simplificamos para Clara. É linda, é loira como a L., mas como sempre, ela disse-me que preferia a outra, a Marie, que é morena e tem cabelos longos.
Nunca está satisfeita aquela rapariga!

Ultrapassada a animosidade, lá decidimos o que fazer:
- Uma saia de ganga igual à minha, a do capuchinho vermelho e uma camisola vermelha, para ficar como eu, pode ser mãe?

A saia que ela fala é uma que esteve em preparação durante a semana para receber o galão da Rosa, do capuchinho vermelho, que eu ansiosamente esperava aplicar. Ficou pronta ontem à noite (a verdade é que já era hoje) e já andou ao "arejo" durante o dia de hoje.
A Clara teve direito a uma saia igual e a L. estava feliz por parecer mãe dela.

Adorei brincar com a minha filha! E espero que ela também tenha gostado desta brincadeira só de "miúdas", numa casa em que eles estão em maioria e tão facilmente impõem as suas brincadeiras.

Que tal?


Temos um hóspede

Chegou ontem e tem feito a alegria do J.
É um canário e chama-se "Lelo".

(eu já não mando nada em matéria de bichos...)

Há muito tempo que o J. pedia um animal de estimação e o R. fez-lhe a vontade. Comprou o canário e até ficou entusiasmado ao saber que ele cantava muito bem.
Ficou, já não está, porque o bendito bicho canta que se farta e acordou toda a gente logo de manhã cedo. Qualquer dia já nem vais ser necessário despertador para acordar...haja alguma vantagem!
O bicho "voa" de quarto em quarto, já que o G. não lhe dá tréguas, mas tem residência fixa no quarto do J., que não abdicou desse direito para ninguém.


Aqui estão eles:


sexta-feira, 6 de julho de 2007

A língua dos de's

Quando eu era pequena, quero dizer, ainda mais pequena do que sou hoje, estava na moda a linguagem dos p's. Eu confesso que nunca cheguei a perceber muito bem como é que aquilo funcionava, acho que se substituíam todas as consoantes por p's, o que resultava numa intoxicação de p's por palavra, imperceptível (tchii, esta palavra até já tem 2 p's) para quem não fosse adolescente.
Eu nunca fui muito boa neste tipo de jogos linguísticos, até porque nem lhes achava utilidade nenhuma, para além do gozo que dava ver a cara de tonto de quem ouvia e não percebia patavina. Mas como eu era uma dessas tontas...

No entanto, agora, com os deslizes verbais dos meus filhos mais novos, acho que me dava jeito perceber um bocadinho destas adaptações às palavras, quem sabe até se não vêm aí neologismos?!
O J. é um caso à parte, porque desde que começou a falar, e o que ele demorou a começar a falar, é muito cuidadoso na dicção e na construção das frases, mesmo quando está "desatinado" e fala uma "oitava" acima do permitido. Até hoje, só lhe encontrei uma palavra distorcida, que é "problema", nas suas palavras "proglema", mas que já está resolvido, correndo o "g" dali para fora e colocando o "b" no seu devido lugar.
Mas os mais novos, não sei bem porquê, têm tendência a acrescentar o "de" no início das palavras:

O mega-êxito da L.:

"desqueci-me"

"eu vou comer derrápido"

G.:

"O arroz é devilhas"

"A sopa é despinhas" (quando, depois de ralada, ainda há vestígios de legumes)

"Olha eu de nu"

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Irrita-me também

...ouvir os pais a ameaçar os filhos de "porrada"...


"Não faças isso senão eu bato-te"


"Olha que vais levar"


"Anda aqui para eu te bater"(juro que já ouvi esta?)


"Queres apanhar?" (Será que estão à espera que lhes responda que sim)


"É agora que te vou dar uma galheta." (Vá lá que avisam...)


E depois...nada.


Não é que eu pense que o castigo físico resolva alguma coisa, porque para mal dos meus pecados, não castigo os meus filhos com palmadas e vejo-me bem negra para que me obedeçam. Eu já sei que se lhes batesse já não era eu que o fazia, mas toda a minha ira, toda a minha irritação e, apesar de ser advogada, não respondo por ela.


Mas irrita-me ouvir estas ameaças todas, alto e bom som em locais públicos, de preferência em supermercados, centros comerciais, salas de espera, de mão em riste, para que toda a gente saiba quem manda em casa e depois, nada, os meninos continuam a "pintar a manta", a "aviar" bofetadas uns aos outros e a arremessar objectos pelo ar.


Irrita-me esta tendência para impor a lei do mais forte, da aparência, da prepotência dos adultos em relação às crianças, não as tratando com o respeito e a dignidade que elas merecem, castigando-as quando assim tem que ser para que aprendam o que está certo e o que está errado.


Não é preciso bater, não é preciso gritar, basta acabar com a festa dos meninos, tirar-lhes da mão o que lhes dá prazer e ensiná-los a acalmar, ainda que a reflexão seja forçada, porque naquele sítio ninguém contratou palhaços para o espectáculo...!


Admito, tenho que admitir que não havia coisa mais eficaz para me fazer comer as ervilhas quando era pequena como o beliscão silencioso da minha mãe por baixo da mesa que só eu percebia, e de que maneira. Teve resultados: hoje como ervilhas, adoro ervilhas e nem imagino o que me incomodava comê-las quando era pequena.
Mas eu não ando irritada, só achei que era muito assunto para escrever só num post.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Irrita-me

Há coisas que me irritam, irritam-me muito.
Irrita-me ouvir pais chamar os filhos pelos seus nomes próprios, isolada e indistintamente.
"Anda cá Carlinhos"
"Olha que eu zango-me Daniel"
"Não batas ao teu irmão Eduardo"
"Huguinho anda beber o iogurte"
Olho para trás espantada, não, a Senhora não tem 4 filhos, são dois, cada um deles com 2 nomes e a mãe faz questão de os gastar bem.
Será que ainda ninguém explicou a estas pessoas que os nomes, sobretudo os nomes próprios, servem para individualizar cada pessoa e são para cada um de nós uma referência de identidade...
Não tenho nada contra os dois nomes próprios. Apesar de os meus filhos só terem um nome próprio, a L. quase esteve para se chamar Maria L., não fosse o pai embirrar com o nome. E bem falta me fazem os 2ºs nomes quando tenho que lhes ralhar...e lá vou recorrendo ao apelido para ver se o tom engrossa um bocadinho.
Escolhemos os nomes dos nossos filhos antes de os conceber (há gente para tudo!) e um dos critérios de escolha foi o dos diminutivos que lhes poderiam vir a "colar", e talvez por isso os nomes sejam tão importantes para mim.
Se calhar foi por só ouvir "Isabel Celeste" quando a coisa corria mal para o meu lado que fiquei a pensar assim.
Se calhar é mesmo paranóia, mas eu sou assim, pronto!

terça-feira, 3 de julho de 2007

Julho.

Quinzena da praia. Chuva.
Assim é que deve ser, é assim já há pelo menos 7 anos, não percebi porque é que ontem foi diferente.
Sempre que se inicia a época de praia no infantário dos meus filhos, a chuva vem SEMPRE dar-lhes as boas vindas.
Mas ontem estava sol, anda parva a chuva ou quê?!
Hoje, que já tinha articulado cronologicamente os movimentos acordar 3-vestir 3-lavar dentes de 3 bocas-preparar 3 pequenos almoços-dobrar 3 mudas de roupa e por em 3 mochilas-colocar lá 3 pares de calçado-preparar 3 lanches-etiquetar 3 lanches-enfiar 3 lanches nas 3 mochilas....até que, olho lá para fora, e vejo que afinal há chuva em Julho e é daquela molhadinha, certinha, mais do que "morrinha". Telefono para o infantário e pergunto se ainda vão à praia com aquele tempo. Agora é a mãe que está parva! Há alguém que vá à praia com este tempo?!!! Claro que não! Inicia-se o processo exactamente ao contrário, à excepção dos lanches, que já estão feitos e são para se comer. Trocam-se as mudas na mochila, o calçado inverte-se nos pés e convenço os meninos a deixar o fato de banho para outro dia. Depois dos amuos e das birras, lá os consegui tirar de casa passados 20 m da hora prevista e deixá-los na "santa casa" que me vai domar as feras durante todo o dia, separados, peço eu, porque apesar de serem irmãos, não se podem ver uns aos outros. Diz-me uma das educadoras: "Eu já percebi isso..."
Olho para os meus pés, estou de sandálias...
Eu não estou mesmo boa da cabeça!

domingo, 1 de julho de 2007

Fomos às festas!

Ontem fomos às festas, duas, no mesmo dia, com artistas diferentes.
À tarde foi a do lagarto com óculos escuros, sim , porque ainda me custa a acreditar que dentro daquele disfarce (magnífico, diga-se) estivesse o meu filho G., a rastejar pelo chão, a fazer vergonha a qualquer lagarto que se preze, a respeitar, imagine-se, toda a coreografia que a educadora lhe ensinou. E eu que às vezes nem uns calções lhe consigo enfiar e ontem, lá estava ele de meia calça verde e um fato feito de esponja, sem se queixar da comichão ou do desconforto de não conseguir manter a cabeça de fora.
A festa foi linda, todos os meninos tiveram um desempenho exemplar, só esta mãe é que falhou, porque se esqueceu de levar a máquina fotográfica para a festa (até estava na mala do carro...) e passou a noite com a consciência no chão por não se ter preocupado com isso. Porque é que somos diferentes com o 3º filho. Que vergonha!!!
Eu falei em festas, porque à noite foi a nossa bailarina a brilhar como pássaro azul no espectáculo da Bela Adormecida que a sua escola de dança apresentou. Depois de uns ensaios em que as coisas não correram de feição e depois das dúvidas esclarecidas (porque não aguento choros em casa só porque não percebeu como é que se faz!), o espectáculo correu lindamente. Como sempre, esta escola brinda-nos com espectáculos de excelente qualidade, de grande rigor técnico, e com toda a prata da casa.
A L. saiu eufórica, com uma rosa na mão (na foto) e perdida de riso com o que a professora lhes mandou dizer antes de entrar em palco "muita m...", para dar sorte. Pode não ser educativo, pode até nem ser bonito, mas que dá sorte dá! Ou eu não fosse irmã de músico e não conhecesse já estes rituais. Achei fantástica aquela sensação de confiança no palavrão, mas não o demonstrei em demasia porque o diabrete não se calava com aquilo e até lhe disse que se fosse dito depois do espectáculo podia dar azar. Calou-se imediatamente!
O meu companheiro da noite foi o J. que, apesar de louco de ciúmes pelo protagonismo da irmã, rápido percebeu que só teria lugar no estrelato se se unisse a ela e até já queria ser bailarino...
Só foi pena unir-se de mais: pegou nela ao colo e não a largou no chão quase até chegarmos ao carro.
No regresso a casa, vieram as conclusões de moralidade típicas da minha filha:
- Sabes mãe, disse à professora que a dança é para se esforçar e divertir. Se fosse só para divertir, não corria tão bem. Também que lhe disse que nunca mais na vida ia deixar aquela escola, porque gosto muito do ballet e fazemos espectáculos muito bonitos!
- E a tua professora o que disse.
- Deu-me um abraço muito apertado.