sexta-feira, 6 de julho de 2007

A língua dos de's

Quando eu era pequena, quero dizer, ainda mais pequena do que sou hoje, estava na moda a linguagem dos p's. Eu confesso que nunca cheguei a perceber muito bem como é que aquilo funcionava, acho que se substituíam todas as consoantes por p's, o que resultava numa intoxicação de p's por palavra, imperceptível (tchii, esta palavra até já tem 2 p's) para quem não fosse adolescente.
Eu nunca fui muito boa neste tipo de jogos linguísticos, até porque nem lhes achava utilidade nenhuma, para além do gozo que dava ver a cara de tonto de quem ouvia e não percebia patavina. Mas como eu era uma dessas tontas...

No entanto, agora, com os deslizes verbais dos meus filhos mais novos, acho que me dava jeito perceber um bocadinho destas adaptações às palavras, quem sabe até se não vêm aí neologismos?!
O J. é um caso à parte, porque desde que começou a falar, e o que ele demorou a começar a falar, é muito cuidadoso na dicção e na construção das frases, mesmo quando está "desatinado" e fala uma "oitava" acima do permitido. Até hoje, só lhe encontrei uma palavra distorcida, que é "problema", nas suas palavras "proglema", mas que já está resolvido, correndo o "g" dali para fora e colocando o "b" no seu devido lugar.
Mas os mais novos, não sei bem porquê, têm tendência a acrescentar o "de" no início das palavras:

O mega-êxito da L.:

"desqueci-me"

"eu vou comer derrápido"

G.:

"O arroz é devilhas"

"A sopa é despinhas" (quando, depois de ralada, ainda há vestígios de legumes)

"Olha eu de nu"

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