...ouvir os pais a ameaçar os filhos de "porrada"...
"Não faças isso senão eu bato-te"
"Olha que vais levar"
"Anda aqui para eu te bater"(juro que já ouvi esta?)
"Queres apanhar?" (Será que estão à espera que lhes responda que sim)
"É agora que te vou dar uma galheta." (Vá lá que avisam...)
E depois...nada.
Não é que eu pense que o castigo físico resolva alguma coisa, porque para mal dos meus pecados, não castigo os meus filhos com palmadas e vejo-me bem negra para que me obedeçam. Eu já sei que se lhes batesse já não era eu que o fazia, mas toda a minha ira, toda a minha irritação e, apesar de ser advogada, não respondo por ela.
Mas irrita-me ouvir estas ameaças todas, alto e bom som em locais públicos, de preferência em supermercados, centros comerciais, salas de espera, de mão em riste, para que toda a gente saiba quem manda em casa e depois, nada, os meninos continuam a "pintar a manta", a "aviar" bofetadas uns aos outros e a arremessar objectos pelo ar.
Irrita-me esta tendência para impor a lei do mais forte, da aparência, da prepotência dos adultos em relação às crianças, não as tratando com o respeito e a dignidade que elas merecem, castigando-as quando assim tem que ser para que aprendam o que está certo e o que está errado.
Não é preciso bater, não é preciso gritar, basta acabar com a festa dos meninos, tirar-lhes da mão o que lhes dá prazer e ensiná-los a acalmar, ainda que a reflexão seja forçada, porque naquele sítio ninguém contratou palhaços para o espectáculo...!
Admito, tenho que admitir que não havia coisa mais eficaz para me fazer comer as ervilhas quando era pequena como o beliscão silencioso da minha mãe por baixo da mesa que só eu percebia, e de que maneira. Teve resultados: hoje como ervilhas, adoro ervilhas e nem imagino o que me incomodava comê-las quando era pequena.
Mas eu não ando irritada, só achei que era muito assunto para escrever só num post.
5 comentários:
Penso que, em grande parte das situações, "pata de galinha não mata pinto". Os meus pintos sentiram muitas vezes o peso da minha pata. É provavel que não seja considerado pedogógico , mas que funciona não tenho qualquer dúvida.
Graça
Preocupa-me as vezes em que lhe bati (entenda-se: dei-lhe uma valente palmada no rabo) através da minha ira. Arrependo-me de todas elas, porque na sua totalidade, quem lhe bateu foi uma pessoa demasiadamente cansada. Das outras vezes, a maioria penso eu, fui eu. Dessas não me arrependo, e em todas essas, ela soube que fez por merecer. Essas, foram pedagógicas (penso eu)!
perfeita, não sou!
;)
Irrita-me também.... "olha que vais cair!!", depois do miudo cair... "eu bem te avisei!!!"...
mas enfim, n vale a pena levar a vida com tanta irritação, afinal são dois dias (é o q dizem!!)
Espero, n ter jamais de "abanar" o meu Vasco, q ainda vem a caminho. Tadito, n nasceu e eu já penso nas "abanadelas" que o miudo vai ou n levar!!!...
um abraço... e calma, mt calma!
A minha experiência ainda vai apenas em 2 anos e meio de uma filha.
Mas diz-me aquilo que já cá tenho que por vezes as crianças conseguem ser desesperantes.
E se nós não tivermos uma estratégia previamente definida de como actuar relativamente aos maus comportamentos, parece-me certo que mais tarde ou mais cedo vamos perder a cabeça e acertar-lhes o passo :)
Agora se vemos um primeiro (um 2º, um 3º) comportamento que consideramos indesejável e vemos que as palavras não resultam, parece-me que devemos avisá-los que que não gostamos desse comportamento e de que os dois pais vão reunir e decidir qual a consequência que o petiz passará a ter de suportar, caso insista (como seguramente vai insistir), caso se porte mal.
Decide-se qual a consequência, avisa-se o pequeno infractor e espera-se pela infracção para aplicar tranquila e inevitavelmente a consequência anunciada.
Desde que a consequência escolhida seja aplicada sem cedências e com calma, estou certa de que mais tarde ou mais cedo a criança vai adoptar o comportamento desejado.
E com isto a criança aprende uma série de coisas: quem manda, ou seja, que a criança é uma criança e que os pais são os pais, que o mundo que o rodeia faz sentido porque os pais lhe garantem a existência e manutenção desse sentido e as (suas) escolhas têm consequências.
Connosco e até agora tem resultado :)
Enviar um comentário