terça-feira, 26 de junho de 2007

Efeitos secundários...

...das birras.
Para as cabecinhas dos meus jovens tiranos os efeitos directos das birras e reivindicações mais ou menos espalhafatosas que me apresentam são os castigos que lhes são atribuídos ou a indiferença em que são deixados perante os impropérios que deitam pela boca fora.
Como acredito que as palmadas não resolvem muito, apesar de voar uma ou outra de vez em quando para os traseiros daqueles pestinhas, normalmente as minhas reacções aos seus piores comportamentos são uma longa reflexão no quarto, a privação de uma actividade que lhes agrade ou, nos casos limite, a mais silenciosa indiferença até lhes passar o ataque, para depois aliviar o meu stress num sermão à moda antiga.
No momento em que os castigo, ou depois, quando lhes falo, nunca sinto o alívio de ter esclarecido o que me/nos incomodou no seu comportamento. Acho sempre que não entrou nada lá dentro e que só dizem que sim, que tenho razão, que não fazem mais e até pedem desculpa, para poder debandar-se dali para fora e que eu lhes dê "mais uma oportunidade" para mostrarem que são bons meninos. Eu, como má mãe que sou, dou-lhes normalmente essa tão reclamada oportunidade.
Mas ontem não dei e depois de o G. ter feito mais asneiras à mesa do que lhe era permitido e mesmo depois de ter recorrido à palmada na "mão feia" que atirava talheres para o chão, achei que tinha chegado ao meu limite e ele já tinha ultrapassado o dele e levei-o directamente para a cama, depois de já o ter ameaçado pela enésima vez, sempre dizendo que não avisava mais...
E porque eu preciso que eles acreditem em mim, e que eu falo sério quando os aviso dos castigos, tive mesmo que o castigar. Berrou, esperneou, clamou pelo pai, recusando-se a deitar na cama e eu, ali sentada, à espera... Depois tentou a via diplomática, pedindo a tão famosa "oportunidade", dizendo que se porta bem, que não faz mais, que quer jantar e não vai deitar fora...que quer leitinho! Ai, esta parte é que me custa, porque eu não lhe podia dar o leitinho, porque eu "avisei" que não havia leitinho se ele deitasse a comida fora. Tive que cumprir, cheia de vontade de lhe desculpar...
Isto da educação dos filhos põe a mãe em casa situação!!!
Mas eu dizia no início que as birras têm efeitos secundários, e as do G. já tiveram:
Ontem, ao chegar a casa, e quando o J. entusiasmado me quis mostrar um brinquedo que montou, o G. também tinha uma surpresa: levou-me ao quarto dele para eu ver que ele não tinha tirado nenhuma peça de roupa da cómoda e atirado para o chão. E que feliz que eu fiquei!
Hoje de manhã, e depois do episódio de ontem, ele foi sozinho ao quarto e escolheu outra roupa para vestir. Aproximou-se de mim e perguntou se podia vestir aquela e eu disse tranquilamente que sim. "Tu deixas mãe?! Eeeehhh!"
Eu até posso ser uma peste, mas alguma coisa fica lá dentro, e ele pelo menos já começa a perceber que as birras não o levam muito longe.

2 comentários:

S.A. disse...

Ai as birras...

Anónimo disse...

O importante é a criança perceber que a repreensão é justa, e as crianças têm sentido de justiça, quando existe coerência (mau é quando se permite hoje, e briga-se amanhã).

Elas ficam magoadas é quando se sentem injustiçadas!!

E as birras são importantes para mantermos esse diálogo com os filhos!!

;)