Chegaram ontem dos States e estou ansiosa por lhes "meter" a mão...para juntar aos outros que alguém me mandou.
sábado, 30 de junho de 2007
sexta-feira, 29 de junho de 2007
A história da noite
Desde pequeninos que os meus muitos estão habituados a ouvir uma história antes de dormir, ou uma parte de uma história, ok, ou uma historiazinha, porque o tempo nem sempre dá para tudo!!!
Sempre tentei incutir-lhes este hábito da leitura, que também tenho desde pequena, e que não me fez mal nenhum. Eu ou o pai e até a avó, quando é cravada para tomar conta deles, procuramos preservar este hábito que é comum a muitas famílias, felizmente.
Desde que o J. aprendeu a ler, tentamos que seja ele a ler uma história para nós, e ele adere bem à proposta até porque sempre sentiu um certo consolo em ser o centro das atenções (resquícios de 1º filho e único com créditos de filho único...).
Depois foi a L. a aprender a ler, e eles vão-se revezando na oratória.
Mas isto da leitura ao deitar é tudo menos pacífico. A confusão começa com a escolha do livro, que nunca, mas mesmo nunca é unânime e à falta de argumentos e de paciência, admito, acaba sempre a ser "proposto" pelos pais, até porque o tempo está a contar até à hora de desligar a luz.
Depois é o quarto onde vai ser feita a leitura do dito livro, ou todos querem que seja no seu próprio quarto ou não querem ver sequer a sombra dos irmãos dentro dele. É o problema de haver 3 quartos para 3 crianças. Não são só vantagens...
Por último, e porque a odisseia não acaba por aqui, é decidir a proximidade com que cada um deles fica em relação ao leitor, e em condições de boa visibilidade para as imagens do livro. Se quem lê consegue ver bem as letras, isso já não lhes interessa nada, que se desenrasque.
Ontem, fiz uma tentativa, admito já que foi um pouco frustrada, de ultrapassar todas essas fases de acesa discussão e ler umas páginas de um livro aos meus filhos.
Receita:
- escolhi um livro que tinha acabado de comprar e que ainda não ido para a prateleira de nenhum dos quartos;- decido ler o livro na minha cama, dentro do meu quarto;- coloquei os meus filhos mais velhos um de cada lado e o mais pequeno deitado no meu colo.
Consegui ler 3 páginas, pegaram-se muito pouco (só o G. que é o menos democrático dos 3 e certamente vai ser líder sindical) e só fiquei com uma dor de braços e nos olhos, por ter esticado tanto os braços para que pudessem os 3 ver as imagens do livro e no limite da minha capacidade de visão.
Tenho que ganhar coragem até à próxima leitura da noite. E não me ralhem por às vezes eu os ameaçar (e cumprir) que o castigo pela asneira que fizeram é não haver história. É que às vezes também preciso de uma folga!!!
quinta-feira, 28 de junho de 2007
Outra mãe de muitos.
A mãe da mentora do nome deste blog, que também é mais de muitas, de três, e duas delas até vieram ao mesmo tempo, debatia-se há dias com um problema sério, comum a todas as mães e pais: a entrada dos filhos no ensino básico.
No caso dela, são duas, que nasceram no último dia do ano, o que baralha as opções de inscrição no 1º ano de escolaridade.
As meninas não foram colocadas na escola pretendida, o problema do seu acompanhamento pós escolar não estava resolvido e havia que tomar a decisão de as deixar ser só "crianças" mais um ano, dito preparatório do início da sua caminhada escolar.
Sensível como sempre foi e preocupada com o bem estar das suas meninas e com a forma como elas poderiam lidar com a decisão a ser tomada, a minha amiga perguntou-lhes se elas sabiam o que era a escola primária, se estariam dispostas a ir para outra escola para só no próximo ano entrar no 1º ano de ensino, blá, blá, blá...
Responde a M.: "Eu não sou como tu e o pai, sou uma criança de 5 anos. Vocês é que sabem!"
Replica a outra M.: "Era só o que me faltava!!! Vocês é que são os pais, vocês é que decidem. Se vocês decidirem que eu venho para aqui servir cafés, eu venho. Eu só não quero é andar a mudar de escola para escola. É que eu também me vou habituando! Mas o que vocês decidirem para mim está bem".
E eles decidiram, e eu também acho que está bem!
quarta-feira, 27 de junho de 2007
História de Portugal...ou quase
No carro, o J. em profundas explicações aos irmãos:
- Antigamente, os meninos grandes iam para a guerra lutar. Eram obrigados! Mas depois, veio o grande dia. Acho que foi o S. João, e mais ninguém teve que ir para a guerra.
(Ooops)
- Não terá sido o 25 de Abril?!- digo eu.
- Isso, foi o 25 de Abril. Os soldados foram para a rua e puseram cravos nas armas!
E assim tivemos mais uma lição de História de Portugal, ou quase. Acho que lhe faltam umas longas conversas com o avô F., para aprender a sua arte!
terça-feira, 26 de junho de 2007
Efeitos secundários...
...das birras.
Para as cabecinhas dos meus jovens tiranos os efeitos directos das birras e reivindicações mais ou menos espalhafatosas que me apresentam são os castigos que lhes são atribuídos ou a indiferença em que são deixados perante os impropérios que deitam pela boca fora.
Como acredito que as palmadas não resolvem muito, apesar de voar uma ou outra de vez em quando para os traseiros daqueles pestinhas, normalmente as minhas reacções aos seus piores comportamentos são uma longa reflexão no quarto, a privação de uma actividade que lhes agrade ou, nos casos limite, a mais silenciosa indiferença até lhes passar o ataque, para depois aliviar o meu stress num sermão à moda antiga.
No momento em que os castigo, ou depois, quando lhes falo, nunca sinto o alívio de ter esclarecido o que me/nos incomodou no seu comportamento. Acho sempre que não entrou nada lá dentro e que só dizem que sim, que tenho razão, que não fazem mais e até pedem desculpa, para poder debandar-se dali para fora e que eu lhes dê "mais uma oportunidade" para mostrarem que são bons meninos. Eu, como má mãe que sou, dou-lhes normalmente essa tão reclamada oportunidade.
Mas ontem não dei e depois de o G. ter feito mais asneiras à mesa do que lhe era permitido e mesmo depois de ter recorrido à palmada na "mão feia" que atirava talheres para o chão, achei que tinha chegado ao meu limite e ele já tinha ultrapassado o dele e levei-o directamente para a cama, depois de já o ter ameaçado pela enésima vez, sempre dizendo que não avisava mais...
E porque eu preciso que eles acreditem em mim, e que eu falo sério quando os aviso dos castigos, tive mesmo que o castigar. Berrou, esperneou, clamou pelo pai, recusando-se a deitar na cama e eu, ali sentada, à espera... Depois tentou a via diplomática, pedindo a tão famosa "oportunidade", dizendo que se porta bem, que não faz mais, que quer jantar e não vai deitar fora...que quer leitinho! Ai, esta parte é que me custa, porque eu não lhe podia dar o leitinho, porque eu "avisei" que não havia leitinho se ele deitasse a comida fora. Tive que cumprir, cheia de vontade de lhe desculpar...
Isto da educação dos filhos põe a mãe em casa situação!!!
Mas eu dizia no início que as birras têm efeitos secundários, e as do G. já tiveram:
Ontem, ao chegar a casa, e quando o J. entusiasmado me quis mostrar um brinquedo que montou, o G. também tinha uma surpresa: levou-me ao quarto dele para eu ver que ele não tinha tirado nenhuma peça de roupa da cómoda e atirado para o chão. E que feliz que eu fiquei!
Hoje de manhã, e depois do episódio de ontem, ele foi sozinho ao quarto e escolheu outra roupa para vestir. Aproximou-se de mim e perguntou se podia vestir aquela e eu disse tranquilamente que sim. "Tu deixas mãe?! Eeeehhh!"
Eu até posso ser uma peste, mas alguma coisa fica lá dentro, e ele pelo menos já começa a perceber que as birras não o levam muito longe.
segunda-feira, 25 de junho de 2007
O pão da mãe
Quase há um ano atrás, decidi oferecer a mim própria um presente de aniversário escolhido por mim. Depois de ter tentado convencer o R. a comprar uma máquina do pão lá para casa, que peremptoriamente me diz "nós lá temos tempo para fazer pão em casa?! Tem juízo!", eu, que não sou nada determinada (sempre é mais bonito que teimosa), resolvi comprar mesmo e chamei-lhe a minha prenda de aniversário.
Chego a casa com o aparelho e dedico-me às experiências. As primeiras andaram bem perto da desgraça, a precisar de um reforço de flúor para a dentição que se aventurava a prová-lo, mas com o tempo e alguma investigação à mistura (porque eu não deixo a coisa por menos) criei uma receita que está nos tops da produção doméstica:
Colocar por esta ordem e sem deixar misturar o fermento na água. Ligar o programa do pão integral e quando a menina chamar, com o seu melodioso bip, pode-se juntar sementes de papoila, linhaça, girassol ou outras a gosto.425 ml água2 cl sopa azeite2 cl chá sal refinado300 gr farinha de centeio360 gr farinha trigo (Tipo 65)5 gr fermento (fermipan)
Não dá trabalho nenhum, faz-se em 5m, e é só esperar que as 3h40m passem para ir buscar o pão cozido (até se pode programar para fazer durante a noite).
E o cheiro a pão acabado de cozer pela casa é indescritível!
Desde que comprei a máquina, quase não como outro pão, e já tenho outras receitas (que posso enviar por mail a quem quiser) que resultaram muito bem: pão de trigo, pão integral, pão de canela, pão de brioche e até pão com chouriço.
A piada é que os miúdos também não abdicam do pão da mãe e quanto mais "formiguinhas" (sementes, entenda-se) tiver melhor. Com manteiga ou com chocolate, há já um ano que é este o lanche que levam para a escola, em fatias pouco convencionais, mas que despertam a curiosidade dos amiguinhos que, com um bolicao na mão, querem ir cheirar o pão deles, que tem um cheirinho muito bom. E quem diz que a alimentação das crianças não se educa?!
O R. também já se rendeu e admite que o pão sabe bem, embora não dispense a sua regueifa de Domingo (um mimalho) e até o meu pai recebe um exemplar de encomenda todas as semanas. E eu fico cheia de gosto. Afinal, a minha teimosia até valeu a pena...!!!
domingo, 24 de junho de 2007
Viola do chão
Hoje, eu à conversa com o G.:
- Inscrevi-te na Escola de Música dos manos.
- Hum, hum.
- Sabes, aquela escola, da D. Amélia, onde se canta no coro dos meninos...
- Hum, hum.
- Se quiseres também podes tocar um instrumento, queres?
- Sim, "hero"- consegui arrancar-lhe algum entusiasmo.
- E qual é que tu gostava de tocar.
- Viola do chão!
????????????
- O que é isso, filho, uma viola do chão?
- É assim mãe, põe-se assim no chão, com um pico e toca-se assim com um pau.
Se calhar é um violoncelo. É corajoso o rapaz!
sábado, 23 de junho de 2007
Fomos ver canoas!
É a segunda vez, no espaço de um ano, que me apanham a assistir ao vivo a um espectáculo desportivo. Ainda por cima, aquilo realiza-se nos "quintos" e depois de passar por demasiadas curvas (pelo menos para quem quer adiantar o bordado enquanto se passeia ao lado do condutor...).
Só o convite de um campeão é que me faria sujeitar ao semelhante, mas valeu a pena, porque o rapaz ganhou a prova, à frente de outros campeões dos respectivos países, que não tiveram força suficiente para ganhar ao nosso "portuga", o que dá sempre um certo gozo (só foi pena nós não termos assistido à prova dele, mas são contingências da agenda dos patrões desta casa...).
Fui eu e os meus muitos, até porque dois deles (o pai e o J.) já se aventuraram no rio de canoa, (daquelas larguinhas, que mais parecem barcos de borracha, para maçaricos) e estão sempre em pulgas para lá voltar.
Aprendi que há provas de C1 (onde o meu amigo foi campeão), C2 , K1, K2 e deve haver mais qualquer coisa que eu já não me lembro. Sendo que nenhuma destas siglas significam referências de linhas ou tecidos nem estão nos calhamaços jurídicos que tenho que gramar, já me considero uma expert na matéria. Também sei que em C1 ou C2 os rapazes e as raparigas fazem a prova ajoelhados só com uma perna, o que, no meu modesto entender, não havia necessidade nenhuma porque não é nada confortável e deve doer um bocado. Depois da aventura do bowling, e se não me safar a vender bolos para fora, avista-se um grande futuro para mim...
Desculpem, isto foi sol a mais na moleirinha...
Saímos de lá depois de ver a largada dos participantes da prova da tarde e ainda aguentamos até à 1ª portagem (vêm como eu percebo disto!), mas tivemos que vir logo embora, porque da maneira que os meus filhos se estavam a portar, sempre a experimentar posições mais radicais para assistir à prova, quem lhes molhava a cabeça no rio era eu!!!
sexta-feira, 22 de junho de 2007
Ó mãe monta!!!
...monta, encaixa, arranja, enfia...não é assim?!!
Que diabo, e eu lá tenho que perceber de legos, playmobil, hotwheels, carros de corrida, e eu sei lá o quê mais!
Eu esforço-me, eu estudo o problema, procuro a solução, sigo religiosamente o livro de instruções, mas às vezes corre mal, não é assim, não encaixa, não segura...não monta!!!
Então lá vem a birra, o choro, os gritos, a frustração e o início de uma valente dor de cabeça.
Do Game boy e da PSP já me descartei, aviso logo que não entendo nada daquilo, que coisas electrónicas não são comigo, são com o pai que, à hora que chega, já eles se desenrascaram a "passar de nível" (não podem ser só desvantagens).
Digo-lhes sempre que só percebo de panos, fios, agulhas e outras costuras...(mal sabem eles que até dou uma perninha com a Black & Decker e consigo por um estendal no tecto!). Nestas alturas, vêm eles com o trabalhinho de ponto lançado que andam a fazer, ou com os bonecos de pompons, e aí eu já não tenho escapatória e passo o tempo a enfiar agulhas, corrigir "gatos" e a besuntar os dedos de cola (com os pompons).
Arre, para ser mãe é preciso saber mesmo de tudo!!!
Isto vem a propósito de uma serenata de choro coreografado com esperneanço que o G. fez ontem para eu montar uma peça num carro que não era de lá, mas que eu tinha que encaixar de uma maneira que até hoje ainda não percebi, enquanto eu tentava falar ao telefone!!! (Conseguiste ouvir, não foi primo?)
quinta-feira, 21 de junho de 2007
"Se calhar" ela não percebeu...
Este deve ser o post que mais me está a custar escrever, porque o assunto me desagrada, porque é um bocadinho íntimo e porque não sei bem o que fazer. Talvez seja mesmo por isso que estou a escrever, para ver se entendo o que aconteceu ou se alguém entende e me explica.
Quando fui buscar a L. ao ballet, ao fim da tarde de ontem ela sussurra com ar comprometido que eu "se calhar" me vou zangar com ela. Porquê, pergunto eu. Responde que fez uma coisa que eu "se calhar" não vou gostar.
Ela tinha razão, eu não gostei!
Contou-me então que na escola, durante um intervalo, alguns meninos a rodearam, numa zona menos vigiada do recreio e lhe pediram para mostrar o "rabinho" e o "pipi".
- E tu??? - perguntei já com medo da resposta.
- Eu mostrei...
- Porquê? - em choque.
- Porque eu não vi a Fatinha (a empregada) para me queixar...
Engulo em seco e tento encontrar as palavras para lhe falar.
- Está errado, não deves fazer isso, ninguém tem que querer ver essas partes íntimas do teu corpo, são só tuas e não são para mostrar a qualquer pessoa, muito menos no recreio da escola, a meninos tão maldosos. É feio, nenhuma menina ou menino anda a fazer isso na rua ou na escola, pois não?!
- Não, responde já trémula.
Passados uns momentos, insatisfeita e com redobrados receios, admito, tento saber em que circunstâncias é que tudo aconteceu, apesar de ter vontade de esquecer o assunto.
Então ela diz-me que foi para aquele sítio brincar com umas amigas e quando os meninos se aproximaram e lhe fizeram aquele pedido abusivo, ela acedeu, pura e simplesmente, não fugiu, não respingou, não gritou, não barafustou, acho que até se sorriu. Ela, que nunca leva troco para casa e até já aprendeu a engrossar a voz quando a aborrecem, fez-lhes a vontade.
- Não mãe, não baixei as calças todas, foi só até aqui (coxa).
Como se já não fosse o suficiente...!
Não consigo acompanhar este desbrotar das crianças para a sexualidade, sobretudo quando elas têm 6/7 anos. Por mais simples e clara que seja a minha abordagem do assunto com eles, por mais directa que seja nas respostas às perguntas que eles me fazem, fico sempre com a sensação que eles não percebem que a intimidade é essencial neste assunto e que só nós próprios a podemos preservar. O ambiente que nos rodeia, da televisão, das revistas, das telenovelas (que eu garanto que não são vistas em casa por eles) não ajudam, e mostram um lado leviano que desvirtua a realidade. Assusta-me ser confrontada com esta realidade tão precocemente, quando as suas convicções ainda não estão formadas e o que é importante é ser popular no grupo...
Os meninos foram repreendidos, a L. também ficou de castigo, mas não sei se eles entenderam o que nós, pais e educadores lhes queremos transmitir. Tentamos poupar às repreensões, aos castigos e aos tabus, mas há um limite que é muito difícil definir, e que provavelmente só o tempo e o crescimento lhes vai ensinar. Pode ser apenas uma brincadeira (parva) de crianças, como pode ser o princípio de uma educação sexual desvirtuada, despudorada, desprotegida e sem valores. E eu, e nós, mães, pais, professores, enfim, adultos, não conseguimos controlar, porque não conseguimos estar presentes em todas as situações em que eles pisam o risco...
Diz-me no fim,
- Ó mãe, eu já percebi que é um nojo!
- Que bom filha, porque é mesmo isso que eu quero que tu entendas, que não é bonito, que não é bom e que só serve para alguns meninos marotos se divertirem à custa da tua exposição.
(...)
- Mas há uma parte em que a mãe, o pai e os irmãos vêm no banho...
- Vêm no banho, não pedem para tu mostrares, e é no banho quando estamos só nós, a tua família...
(...)
Acho que está na hora de começarem a tomar banho sozinhos!
A minha menina está a perder a inocência!!!
quarta-feira, 20 de junho de 2007
Um de cada vez
O G., ao jantar, depois de se apoderar de 8 douradinhos, que transferiu para o seu prato enquanto"o diabo esfrega um olho", pergunto-lhe, incrédula:
- Vais comer todos????
- Não, vou comer um de cada vez!
É assim com os douradinhos, as salsichas, as bolachas de chocolate e tudo o que lhe "adita", como dizia a minha avó, porque com a sopa....com a sopa....chegam a passar duas horas e várias idas ao quarto para reflexão...
terça-feira, 19 de junho de 2007
O gelo!
A jogar bola dentro da sala da avó (que mãe é esta que permite estes abusos?. Eu respondo, a mãe de muitos, quando já se cansou de correr atrás deles lá para fora em dia de chuva), o G. rematou contra o sofá e, em vez de um golo, fez um galo! Um valente galo, pode-se dizer.
Chorou pouco, como é habitual nestas situações, para não ser denunciado, mas passados uns minutos o galo começou a "cantar", o papo aumentou e eu não tinha comigo o Icekids. Fui buscar um saco de gelo e escondi-o atrás de um pano para ver se a criatura não se apercebia. Apercebeu-se e montou o circo completo. Chorou, berrou, esperneou e não havia quem o conseguisse segurar só para lhe encostar o frio durante uns...5 segundos. A L., sempre voluntariosa e até porque queria continuar a jogar, pegou no gelo e tentou mostrar-lhe que aquilo não tinha mal nenhum, não doía e só lhe ia fazer bem. Encostou o saco ao corpo dela em tudo o que era sítio, mas o G. não admitia sequer que ela se aproximasse. Então, para se tornar mais convincente, a L. sentou-se no chão, arregaçou a saia, olhou para as suas próprias pernas para fazer a demonstração do gelo, mas num impasse, diz ao irmão:
- G. escolha uma ferida para eu pôr o gelo.
Até ele se admirou.
Eu não sei se disse que a L. é uma menina?!
domingo, 17 de junho de 2007
Casou a minha mais velha
É assim que as mães dizem não é?! Aquela tendência para o sentimento de posse, é minha e mesmo casando, nunca deixará de ser minha, a minha menina.
Há dias, uma amiga perguntou-me se eu estava nervosa com o casamento da minha irmã. Eu disfarcei, disse que não.
-Deixa-te disso - diz ela - é como se tivesses uma filha a casar!
E é que ela tinha mesmo razão, estive nervosa como se do casamento de um dos meus filhos se tratasse.
Não é só a diferença de idades entre nós que o justifica (8 anos), mas a fantástica convivência e amizade que foi crescendo connosco com o passar dos anos e que nos fez amigas, companheiras, conselheiras, "cravas" e agora até sócias uma da outra.
Todos os pormenores foram preparados em conjunto entre as mulheres da casa (com a ajuda dos homens, quando lhes era permitido opinar) e a semana passou a mil, para que nada ficasse ao acaso. Até no tempo nós queríamos mandar, mas desta vez tivemos azar, porque choveu que Deus a dava, sem trégua nem na hora de entrar na Igreja. Ficou a promessa da noiva de não mais contribuir para qualquer peditório a favor do S. Pedro... e eu alinho!
Mas isto da chuva até parece enguiço, porque o meu casamento também foi bem molhado.
Resta a esperança de que, tal como o meu, o casamento da D. e do H. seja muito abençoado!
Ao "Sr. Soares", meu querido cunhado, fica o aviso: cuida bem da minha menina, a minha mais velha...
E que linda que ela estava...
sábado, 16 de junho de 2007
O presente de casamento
A minha irmã recebeu um presente de casamento de que não estava à espera.
No rebuliço dos preparativos para o casamento, o J. aproveitou uma vinda furtiva a casa para me acompanhar. Perguntei-lhe o que é que ele precisava e ele disse-me que vinha buscar uma "coisa". Como isto das "coisas" deles nunca são de confiar, porque ou é um chocolate desviado ou um brinquedo interdito a irmãos, fiquei de pé atrás, até porque ele saiu de mansinho e muito silencioso.
Chegados à casa dos meus pais, o J. abeirou-se da minha irmã para lhe oferecer o seu presente de casamento, uma nota de 5 € retirada do seu baú. A D., atrapalhada, agradece-lhe muito mas diz-lhe que ele não precisa de dispor do seu dinheiro...
Responde prontamente o J.: "Não, quero que fiques com ele, porque te pode vir a fazer falta para a tua vida!"
Aceitou, agradeceu e abraçou-o.
O J. sentiu-se tão importante e feliz com o seu gesto, profundamente convencido que a sua contribuição irá ajudar, em muito, a vida da sua tia!!!
Eu acho que já ajudou. O carinho e a generosidade dele deixou-a muito feliz, por saber que é tão importante na vida do J.!
sexta-feira, 15 de junho de 2007
Não há sábado sem sol...
...Domingo sem missa e...manhã sem birra!!!
A estrela, é sempre a mesma, o G.! Ele hoje de manhã disse aproximadamente 60 vezes (aproximadamente porque tenho medo de falhar por defeito) " eu não hero ir à eshola!".
Disse-o demasiadas vezes e demasiado alto para aquela hora da manhã (ainda assim não havia maneira de o J. acordar...).
Já ganhei uma certa imunidade a estas manifestações irascíveis do meu filho, quer pela frequência com que elas acontecem quer pela sua intensidade. Acho que só lhe dei uma explicação sumária das razões porque ele tem que ir para a escola, tal como os irmãos e como a mãe, que vai trabalhar. Depois deixei-o gritar, chorar, espernear mais 59 vezes, aproximadamente, até que finalmente começa a dizer "eu porto-me bem!", ainda na tentativa de me convencer a deixá-lo ficar em casa. E como eu gostaria de lhe fazer a vontade...!
Aproximo-me dele, dou-lhe colo, que ele finalmente aceitou após vários convites, e vamos para a sala para ele beber o "leitinho no bibão". Digo-lhe que ele vai para a escola porque pode brincar com os amigos, fazer jogos e brincadeiras, não é por se portar mal, porque ele porta-se muito bem, é um menino muito bonito e que vai ficar calminho e obedecer à mãe, não é?!
Acalmou-se a fera e já pude continuar a minha correria para tentar chegar o menos atrasada possível ao meu trabalho.
Será que se eu fizer birrar, espernear e gritar bem alto (olhem que eu consigo) e disser "eu não quero ir ao trabalho! Eu porto-me bem!" alguém me faz a vontade?!
Há dias em que eu gostava de ser só mãe!
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Acabei!!!!
Na última semana consegui acabar DOIS trabalhos que tinha pendentes. Não sei se deu para perceber que foram mesmo DOIS. Quem me conhece sabe que este é um feito heróico, digno do meu habitual grito eufórico: ACABEEEEIIII!
É que, às pendências que "vivem" no meu armário, considero este um bom avanço.
Também a motivação era muito especial: a toalha foi para colocar na mesa do almoço da festa da Eucaristia do João e o paninho vai servir de forro à caixa das alianças do casamento da minha irmã. São ou não são bons motivos?
Aqui estão as fotografias (muito "foleiras" diga-se, porque foram tiradas quando a noite ía alta).
quarta-feira, 13 de junho de 2007
Tu hoje já "tabalhaste"!
Ao deitar o G., depois dos beijinhos, orações e recomendações aos irmãos, ele pediu para eu adormecer com ele.
- Não posso, filho. - respondo.
- Mas eu tenho medo de ficar aqui sozinho.
- Os manos também estão sozinhos no quarto deles e não têm medo, até já estão a dormir...
- Mas ainda não rezaste comigo?!
Rezamos.
-Mas ainda não me leste uma história?!
Respondo que agora não pode ser, que já é tarde, e que ele tem que dormir para acordar bem disposto, blá, blá, blá...e que a mamã tem que ir para baixo trabalhar, mas quando acabar o trabalho se vem deitar um bocadinho com ele.
- Mas tu hoje já "tabalhaste"?!
Haja alguém que nos compreenda! Haja alguém que se espante porque a mãe depois de trabalhar todo o dia fora ainda tem que trabalhar à noite em casa!
Até já me apetecia deitar na cama dele e dar-lhe o prémio de melhor filho da noite, não fossem as tropelias que ele já tinha feito contarem a seu desfavor.
terça-feira, 12 de junho de 2007
Ó mãe, tu odeias-nos, não é?
"Ó mãe, tu odeias-nos não é?"
Foi assim que ontem o J. me falou depois de eu o mandar arrumar os barcos dos piratas que estavam estrategicamente colocados à entrada do sótão, no sítio onde devia estar uma porta...
Foi assim que ele reagiu depois de eu gritar ao G. para ele apanhar as 3 caixas que tinha acabado de virar no mesmo sítio, antes de se pôr todo nu e começado a correr pela casa para "afinfar" no primeiro desprevenido que lhe aparecesse...
Foi assim que o J. me falou e me entristeceu numa das (muitas) noites em que estou sozinha a fazer-os-trabalhos-de-casa-com-eles-dar-lhes-banho-fazer-o-jantar-dar-lhes-o-jantar-e-os-medicamentos-arrumar-a-louça-responder-às-suas-milhentas-perguntas-simultâneas-e-separá-los-nas-lutas-e-discussões-de-5-em-5-minutos........
Já sem voz e sem ânimo, depois de ter tentado manter o G. no quarto por mais de 10 segundos (dizem os livros que deviam ser 3 minutos) a pensar nas asneiras que tinha dito e feito e nos nomes menos próprios que chamou à mãe, foi assim que o J. me falou...
Disse-lhe com a tranquilidade que me restava:
- Eu não vos odeio, eu amo-vos! Se eu vos odiasse, vocês deitavam-se tarde e ficavam todo o tempo a ver televisão; se eu vos odiasse, vocês não arrumavam os brinquedos nem saberiam nunca onde eles estão; se eu vos odiasse vocês comiam todas as porcarias que vos apetecesse, especialmente as que só precisam de ser desembrulhadas e eu nem sequer tinha que fazer jantar; se eu vos odiasse vocês nunca precisavam de estudar e nunca sentiriam o prazer de aprender; se eu vos odiasse, não saberiam ser educados nem respeitar os outros. Se eu vos odiasse, vocês seriam livres para fazer o que que quisessem, sobretudo as asneiras! Eu sou má porque vos amo, eu sou dura, porque vos quero ensinar a gostar e a respeitar os outros, para que sintam o prazer de ser amados. Eu sou uma peste porque cismei que hei-de fazer de vocês uns homenzinhos! Este é que é o meu problema, é que eu vos amo!
Ufff, respirei, acabei os banhos, o jantar, dei-lhes de comer e arrumei a louça e só o G. é que não acalmou até à hora de dormir.
Nestes momentos, lembro-me sempre de um texto que li um dia.
Espero que um dia percebam o tamanho do meu amor por eles!!!
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Estou a ver televisão a cores...!
Ó mulherio, quem não se lembra de ouvir isto quando caía na asneira de ir de saia para a escola?!
Pois não havia mariola que desperdiçasse uma oportunidade de dizer "estou a ver televisão a cores" quando apanhava uma menina desprevenida, qual criatura inocente, sentada de pernas escancaradamente abertas, enquanto os ditos marmanjos apreciavam o cenário interior. A fase seguinte é que era a mais divertida, meninas a juntarem-se para aviarem um bofetes aos bandidos dos meninos que se atreveram a espreitar para uma delas. Claro que éramos nós que ficávamos sempre a perder e vínhamos a chorar para a professora a lamentar que "eles viram as minhas cuecas...!"
Não é que a L. agora se lembrou que afinal é menina e que as meninas amigas dela também vão de saia para a escola e aquilo até dá um efeito engraçado a saltar à corda!!!!
Claro que também já se queixou que os meninos, atrevidotes, lhe foram espreitar as cuecas e ela ficou chateada e até lhes ofereceu "porrada". (Ah, mulher do bigode!)
E a história recomeça!!!
Qualquer dia tenho que lhe contar aquela da televisão a cores, que para eles já não é novidade, nem vão perceber a piada, ou não fossem eles da geração 3D.
Ui, é melhor parar por aqui!
domingo, 10 de junho de 2007
Despedida de solteira
São 7h da manhã e acabei de chegar a casa. Não, não me estou a levantar como faço diariamente para enfrentar a tarefa matinal de "despachar" as crianças para a escola ou levar a alguma das suas milhentas actividades. Não, hoje foi a mãe que fez noitada e teve o descaramento de se apresentar em casa no dia seguinte, quando o sol já ia bem alto.
Mas há um bom motivo para esta extravagância: a minha maninha (uma matulona de 24 anos) vai-se casar no próximo sábado e eu, qual "teenager inconsciente", fui à sua despedida de solteira.
Adorei, estou aqui "como o aço" e se não tivesse vindo escrever tinha ido passar a ferro (se calhar ainda vou).
Já não me divertia assim há muito tempo, também eu de certa forma solteira, dancei que me fartei e nem toquei numa gota de álcool (é tão fácil divertirmo-nos sem beber!!!). Se calhar desde a minha própria despedida de solteira, há pouco mais de 10 anos, e nem aí cheguei a estas horas...! Sim, porque eu sempre fui uma "murcona", como se diz na minha terra, que com o início da madrugada já está mais para lá do que para cá, perdida com o sono. Neste aspecto, tenho que agradecer aos meus muitos que me habituaram a dormir cada vez menos e a viver bem com isso.
É um espectáculo sentirmos que a nossa juventude de espírito não esmorece com o passar dos anos, o nascimento dos filhos e as dificuldades do dia-a-dia. Tinha que ser a minha caçulinha, de quem alguém disse um dia que eu ia ser a sua 2ª mãe, a fazer-me viver de novo este prazer de ser solteira. De facto, em equilíbrio e em responsabilidade, não há nada que impeça cada um de nós, mães ou pais, de se sentir, de vez em quando, um bocadinho adolescentes, saboreando um tempo, umas horas, uns minutos só seus.
Mas está-me a custar isto do casamento da D.. Habituei-me a viver sempre com a minha irmã cá por perto e vai ser difícil ouvir menos vezes o seu inconfundível bater à porta, a saudar os muitos, bem alto "Então amigos!!".
Resta-me a esperança nos seus enganos ao regressar a casa, que a farão muitas vezes parar nestes lados, para além da sua fraca apetência para a cozinha, quando me vier perguntar: "O que é que se come aqui hoje?".
Um beijo muito especial para ti maninha, a quem eu amo de todo o meu coração!
sexta-feira, 8 de junho de 2007
Festa da Eucaristia
Ontem foi a festa da Eucaristia do J., como se diz habitualmente, a 1ª comunhão. Foi um dia importante para a vida do meu menino, como eu acredito que tenha sido para todos os outros meninos que com ele comungaram Jesus pela primeira vez. Independentemente da Igreja a que pertencemos, religião que professamos ou crenças que temos, penso que cada um de nós acredita em alguém, que nos olha, nos dirige, nos protege e nos oferece a vida, com todos os seu desafios, para que nos tornemos cada vez mais HOMENS.
Se esta fé, esta convicção, existe na vida de cada um de nós, enquanto seres humanos, também é nossa obrigação, pais, fazer dela parte da vida dos nossos filhos. Ainda que explicada desta maneira, ou daquela, com mais fantasia ou mais realidade, na igreja ou em casa, na escola ou na rua, todos podemos, devemos, integrá-la na sua educação, porque isso faz parte do crescimento natural de cada um de nós.
Foi esta a educação que eu e o R. recebemos, é essa a educação que estamos a dar aos nossos filhos, uma fé que se alicerça no amor aos outros, no respeito pela sua liberdade, na partilha e na permanente disponibilidade para ajudar quem precisa de nós. Não é isto afinal em que todos nós acreditamos, cristãos, muçulmanos, ortodoxos, hindus e todos os crentes do mundo inteiro?!
A festa da Eucaristia do J. teve um momento de compromisso para os pais, que nós tivemos o privilégio de a transmitir e que, apesar de meros leitores, nos comprometeu aos dois como cristãos e sobretudo como pais.
Deixo aqui alguns excertos:
"Os nossos filhos são ainda pequeninos. Têm muito para aprender, para viver, para conhecer, para amar. Sem nós, não poderão crescer em sabedoria, em santidade e em graça, diante de Deus e dos Homens. (...) Sem nós, dificilmente chegariam hoje aqui. Mas também nós, os pais, temos muito que aprender dos nossos filhos. Temos de aprender a ser simples. A ter uma fé limpa de preconceitos. (...) Eis porque este é um grande dia, para os nossos filhos e para nós, os pais. Eles abeiram-se do altar da Eucaristia. E nós não podemos, não devemos, deixá-los caminhar sozinhos. (...) E nós não podemos ficar para trás ou parar a caminhada."
quinta-feira, 7 de junho de 2007
A sorte da mãe!
Ultimamente, o J. anda um bocadinho mais nervoso que o habitual com as provas escolares. Não sei se é porque o 2º período não lhe correu lá muito bem, se é porque quer, porque quer, tirar um excelente, nem que seja uma vez na vida, ou porque simplesmente está a crescer e começa a ganhar alguma responsabilidade (bem gostaria!).
A verdade é que, nos últimos dias, só fala em sinónimos, antónimos, pontuações, afirmações, negações, e outros "palavrões" que lhe dão a volta à cabeça. Trabalhamos (eu e o pai, créditos sejam dados) no fim de semana e a coisa correu bem. Fizemos uma revisão à noite, e ele até prestou atenção durante...10 minutos (para ele já é uma boa média!).
Mas a melhor foi ontem de manhã quando, ao chegar à escola, me pediu para lhe desejar boa sorte. Eu, claro, desejei-lhe literalmente TODA a sorte do mundo, só para ele. (Cada mãe que trate dos seus!!!).
Então a L. que, como sempre, está solidária com o irmão, disse-lhe:
- Ó J., a mãe já estudou tudo o que tinha para estudar, já é mais inteligente que nós, por isso, pode pôr a mão dela, a de escrever, em cima da tua mão e vai-te passar toda a sorte que ela tem!
Ele olhou para mim e eu segui as instruções da L.. Nem sabia que tinha assim tantos poderes mágicos, mas a verdade é que o J. ficou feliz com o gesto e entrou tranquilo na escola.
Agora a sorte que trate do resto!!!
terça-feira, 5 de junho de 2007
Ai o amor...
O J. anda há uns tempos a pedir para mudar de escola. Preocupo-me com este pedido, mas não o demonstro, porque ao J. é preciso dar-lhe a volta.
- Então porquê? - pergunto sempre.
- Porque não tenho nenhum amigo! - responde
Faço-lhe ver que não é assim como ele diz, que este, aquele e o outro gostam muito dele, até brincam muitas vezes juntos e lá por se "desaguizarem" de vez em quando, não quer dizer que deixem de ser amigos. É assim entre os adultos, não podia deixar de ser também com as crianças.
Hoje o J. voltou à carga com a história de mudar de escola.
-Então porquê? - pergunto novamente.
- Porque não tenho nenhum amigo! - repete-se a resposta.
- Mas afinal porque é que ninguém é teu amigo? - replico.
Responde que todos o gozam por causa da sua paixão pela H., todos se riem porque ele gosta muito dela e ainda se "abispam" a dizer que ele é feio e não vai ter nenhuma hipótese de ficar com ela.
Escusado será dizer que quem lhe faz estas agradáveis observações são os concorrentes à mesma miúda...
- Pois estão redondamente enganados. Tu és muito bonito, tens uns lindos olhos azuis e falas muito bem, tens conversas muito interessantes. Acredita que é isso que as meninas gostam!
- Ó mãe, mas porque é que ela não aceita namorar comigo???
Oh meu Deus, eu que já me resignei com meu namoro precoce com o pai dos meus muitos, desde os meus 14 anos e os 15 dele, tenho agora que explicar ao meu filho que os seus 8 anos de idade ainda lhe vão dar oportunidade de fazer muitas escolhas na vida, no caso que lhe interessa, na sua vida amorosa?!!!
Resta-nos as palavras de apoio da irmã que lhe disse que "isto de ser criança é mesmo assim. Hoje gostamos de alguém, amanhã já podemos não gostar. Estamos a crescer e a conhecer-nos melhor uns aos outros."
(Onde é que eles aprendem estas coisas...)
- Olha, se eu não fosse tua irmã, quem casava contigo era eu, porque tu és muito bonito e és o meu melhor amigo!!!
(Ufff...chegamos à escola!)
segunda-feira, 4 de junho de 2007
"Morreu-se!"
Seria assim que a L. diria se lhe tivéssemos contado a verdade. Mas não contámos, nem a ela nem aos irmãos. Dissemos apenas que a gata desapareceu, se calhar à procura da sua mãe, de quem tinha saudades, de tão insistente que era o seu miar. O J. chorou, dizia que era de felicidade e de tristeza. Feliz porque a Kika ia para junto da sua mãe, mas triste porque a perdeu, logo agora que já estava habituado a ela e nem tinha medo...
- De certeza que ela está bem, não se preocupem nem fiquem tristes, ok? - disse.
(Mentiras destas não devem ser pecado?!)
Não queria dizer isto, mas vou ter que o fazer:
Eu não dizia que os animais têm um triste fim nesta casa (aqui refiro-me à casa onde cresci)?!
O pobre animal não sobreviveu a um atropelamento à entrada da garagem que, à cautela com as suas súbitas aparições, fez o condutor entrar bem devagarinho, a tentar ouvir o guizo da coleira. Eu não dizia que isto é uma tristeza?! Sim, eu, que acabei por ganhar uma certa aversão à bicharada, até já deixava a gata dar umas voltinhas no meu "burgo" e tinha mesmo uma caixa no terraço para o leite que ela bebia.
É por estas e pelas outras que já contei que eu prefiro os bichos de peluche, que podem ser grandes, pequenos, de várias raças, cores e proveniências e que, após um acidente não muito aparatoso, ficam novinhos em folha depois de uma ida à máquina de lavar!
Isto já não é feitio, é fado!!!
domingo, 3 de junho de 2007
A mamã pôs um ovo!
A primeira vez que tive necessidade de explicar aos meus filhos como nascem os bebés, estava grávida do G. e o J. e a L. perguntaram como é que ele foi lá parar. Por um acaso, "esbarrei" num livro chamado "A mamã pôs um ovo!" que, de forma lúdica, animada e até ousada, esclareceu as suas dúvidas.
Sempre que me questionam sobre o assunto, respondo da forma mais clara possível, como sendo um acto de amor entre 2 pessoas que se conhecem muito bem e se amam muito, como o pai e a mãe.
Há algum tempo atrás, o J., no auge dos seus 8 anos, perguntou-me:
- Ó mãe, tu e o pai fazem "séxico"?
Engoli o riso, corrijo o erro ortográfico e respondi calmamente que sim.
Agora foi ele que não conteve o riso. Piscou o olho à irmã e disse:
-Hi, hi, hi... o pai e a mãe fazem "séxico"!
(Está a ser difícil acertar na palavra...!)
Continuei dizendo que é normal entre namorados acariciarem-se, beijarem-se e abraçarem-se, demonstrando assim amor que sentem um pelo outro.
Passado algum tempo, eu e o pai fomos de férias sozinhos e uns dias após o nosso regresso, pergunta-me o J.:
-Nas férias, o pai pôs sementinhas dentro de ti, mãe?
-Sim filho, namoramos muito. - respondi.
O assunto acabou ali, acho que percebeu!
Assim têm sido as nossas conversas, sem grandes pormenores sem grandes fantasias.
O amor tal como ele é, a sexualidade tal como ela é, simples e íntima. Um desafio para se descobrir a dois, os dois que se amam! Foi assim connosco, espero que seja assim com eles!
sábado, 2 de junho de 2007
Temos atleta...
Suspeito que o G., daqui a alguns anos (muitos, espero) se vá dedicar a uma área desportiva, tal é a sua tendência, predisposição, apetência....OK, jeito, para o desporto.
Não há modalidade que lhe escape, ele é basket ("bashet", na versão dita por ele), futebol (até dá um jeitinho de lado a chutar, apesar de o padrinho sempre insistir para que ele trabalhe também com o pé esquerdo. Acho que um dia destes vou ter que lhe dizer que o miúdo só tem 3 anos), ténis, bilhar (mesmo que acima da mesa só se vejam olhos e só porque eles são grandes) e agora também bowling.
Pois o nosso presente do dia da criança aos nossos filhos foi um jantar no sítio do costume e 10 longas partidas de bowling. Até eu tive que alinhar na partida, apesar de me ter esquivado até ao limite dos meus argumentos, e olhem que eu sou boa nisto dos argumentos (antigas e não saudosas recordações da advocacia...).
Bem, o miúdo é um delírio! Em pleno jogo ele caminha à "matador", grita "yes" depois de lançar a bola e quer lá saber dos resultados, apesar de ter estado à frente nas classificações quase até ao final! A melhor dele foi quando, depois de lançar a bola a 1ª vez, e não tendo deitado todos os pinos ao chão, se queixava "só tem poucas?!"
Os outros até estavam a gostar, estavam entusiasmados com o jogo, espantados por ver a mãe com aqueles sapatos ridículos nos pés e amuada por não poder estar sossegadinha só a observar e até me entusiasmavam com um "vai-te a eles mãe!", "o truque está na manga!", ditos pelo J., porque a L. estava demasiado concentrada no seu desempenho, que não lhe estava lá muito favorável. O problema era mesmo o quadro das classificações, que não tinha nenhum espírito maternal e não sabe que os meninos TÊM que ter resultados iguais, e teve a grande lata de pôr uns a ganhar e outros a perder...!
Confesso que até eu estava com vontade de ganhar, quanto mais não seja para calar o pai que não se cansa de gozar a minha falta de jeito para desporto, mas não desperdiça uma oportunidade para me "atirar às feras". Juro que até consegui fazer um "strike" (eu nem sabia os que isso era) e nem eu queria acreditar!
A recordar: o estilo do J. a jogar, a euforia do G. a festejar ("dá cá 5 mãe"), a alegria da L., mesmo estando a perder, que dava vontade de soprar na bola para ela chegar até aos pinos.
Apesar de os resultados finais terem dado a vitória ao pai, que fez 2 "strikes" (estou a ficar boa nisto), o grande vencedor foi mesmo o G., que teve o desempenho mais constante, o melhor espírito desportivo e o que se divertiu mais! É definitivamente, um desportista em potência!!!
sexta-feira, 1 de junho de 2007
Dia da criança
Depois do dia do seu próprio aniversário, e da noite de natal, não há dia mais esperado pelos meus filhos como o dia da criança. Não sei se é porque há festa na escola, se é porque vêm para casa mais cedo, ou porque nem sequer levam pasta. Ainda pensei que a razão para tanto entusiasmo fosse a expectativa de receber um presente dos pais, mas este é normalmente simbólico ou aparece na forma de um fim de tarde/noite bem passado. Hoje fiquei convencida de que o que os anima é mesmo a importância que é dada às crianças neste dia num mundo de adultos. É como se eles dissessem (e até dizem mesmo): "Olha lá, hoje quem manda sou eu!". O azar dos meus é que há 3 "eu's" na mesma casa e só por milagre do Espírito Santo concordam todos com a mesma coisa.
A L. dizia-me que aprendeu na escola que no dia da criança, e passo a citar "as crianças escuras, claras, chinesas, portuguesas e espanholas são todas iguais, todas têm direito a ter carinho. Ir à escola, é um direito. Brincar no parque, é um direito. E eu, mãe, para além do presente que me vais dar vou pedir outra coisa. Não, não é outro presente, é muito carinho para a nossa família!!! E brincar no parque, olha que é mesmo um direito das crianças!!!"
E com esta é que ela me levou!
A verdade é que o carinho que eles trazem consigo, nas palavras, nos gestos, nos olhares, nos sorrisos é que o faz a nós, mães, seres completos e plenamente harmoniosos.
Quando o J. nasceu, a primeira coisa que eu disse foi : nunca mais sou sozinha! E é assim que ainda me sinto hoje, "em carinho" com os meus filhos e com todas as crianças do mundo que tudo o que desejam da vida é ser amadas, acarinhadas, valorizadas e protegidas, independentemente da cor, raça, religião ou riqueza.
A verdade é que o carinho que eles trazem consigo, nas palavras, nos gestos, nos olhares, nos sorrisos é que o faz a nós, mães, seres completos e plenamente harmoniosos.
Quando o J. nasceu, a primeira coisa que eu disse foi : nunca mais sou sozinha! E é assim que ainda me sinto hoje, "em carinho" com os meus filhos e com todas as crianças do mundo que tudo o que desejam da vida é ser amadas, acarinhadas, valorizadas e protegidas, independentemente da cor, raça, religião ou riqueza.
Na tentativa de ilustrar este post, pedi aos meus filhos para "posar" para a fotografia com as suas mãos unidas. Como é fácil de perceber, não fui muito bem sucedida e o máximo que consegui foi uma imagem dos fantoches que eles escolheram apresentar no fantocheiro cá de casa.
(Segredo: o G. amuou, não quis mostrar o elefante azul e o urso verde, pelo que a L. empunhou os seus príncipes para, juntamente com o pirata cabisbaixo do J., termos 3 personagens. Tudo fruto da harmonia das crianças...).
P.S.: A imagem do topo é de um quadro que bordei há uns tempos para um concurso de lavores subordinado ao tema Grandes Acontecimentos do Séc. XX. Eu decidi conceber um trabalho homenageando a Declaração Universal dos Direitos da Criança.
Elas mereceram toda a minha dedicação!
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