Foram assim as primeiras palavras de Ruy de Carvalho na sua intervenção desta manhã no 1º do ciclo de Concertos Promenade do Coliseu do Porto do ano 2007/2008, à boa maneira de um excelente actor, com um tom de voz festivo e imponente.
Como já o fizemos muitas vezes, não tantas quanto o desejaríamos, assistimos a mais um Concerto deste ciclo que já se repete pelo 3º ano consecutivo e que tem reunido cada vez mais fiéis assistentes, sobretudo nas idades mais jovens.
A qualidade da música e a participação das crianças são os factores diferenciadores destes concertos, aqui como em Londres, onde têm a sua génese, e hoje não foi excepção.
Começam por chamar a Orquestra, que "obedientemente" aparece num palco instalado no centro da zona da plateia do magnífico Coliseu do Porto.
Depois da Orquestra vem o Maestro, e todos chamam "Maeeeestro". E ele também vem, em cada concerto, um Maestro diferente, à frente de uma orquestra diversa.
As crianças são chamadas a participar em pequenos concurso de perguntas, onde ganham uma pequena lembrança.
Uma das vezes foram convidadas a levar um instrumento de percussão para marcar o ritmo numa das obras. E como estes convites são feitos de uns concertos para os outros, o J. levou um instrumento feito por si: uniu duas tampas metálicas de sumo, colocando no interior pequenas pedras, que quando agitadas, produziam um som bem animado.
As obras de hoje incluíam vários momentos de percussão, a que o apresentador chamou os instrumentos de "pancadaria"...
Os miúdos adoram ir a estes concertos, sabendo que se podem sentir à vontade, com um pacote de bolachas ou um rebuçado na boca e sem que o barulho do papel incomode o vizinho do lado...
Todos os Concertos têm um convidado especial que, já o disse, neste foi o actor Ruy de Carvalho, que nos contou que, apesar de ser filho de uma pianista, se considera um "analfamúsico". Revelou-nos que, apesar disso, quando chega ao carro liga primeiro a música e só depois roda a ignição, poque o que gosta mesmo é de ouvir música bem tocada...
Ele pode não saber o valor das colcheias ou a entoação dos solfejos, mas sabe ouvir boa música, o que ficou demonstrado na escolha que fez para o Concerto, o Prelúdio de Tristão e Isolda (que já deu nome a uma das nossas gatas...), que vivem uma história de amor impossível.
Isolda estava prometida em casamento com o Rei Marke, tio de Tristão. Mas Tristão ama Isolda, que corresponde com o mesmo amor. Em face da impossibilidade de ficarem juntos, tomam os dois uma poção de morte, mas que é trocada pela aia de Isolda pela poção do amor. Os amantes entregam-se à sua paixão, mas conscientes que não poderiam ficar juntos, tomam a derradeira poção da morte, que efectivamente se cumpre. Compadecido com o amor dos dois, o Rei Marke manda sepultá-los juntos.
Tal como já havia avisado, Ruy de Carvalho emocionou-se no final da obra. É de facto emocionante!
Para as crianças esta é também uma oportunidade de aprender história, da música ou universal, como aconteceu com a interpretação da Abertura Solene 1812 de Tchaikovsky, que relata a derrota das tropas de Napoleão frente à Rússia. É que a música é acompanhada da projecção de imagens com pequenas notas indicativas da sucessão dos acontecimentos.
O que realmente apanhou de surpresa adultos e crianças foram os sons dos canhões (pirotécnicos) que rebentaram estrondosamente em pleno Coliseu do Porto e que intensificou as emoções que iam acompanhando a evolução das batalhas.
O J. ficou tão espantado que disse:
- Mas eles pensam em tudo?!!!
O G., que se manteve atento o concerto todo, rematou:
- Eu não "assustei-me"!
A última obra interpretada foi a Marcha de Pompa e circunstância de Elgar, que envolveu a participação de todo o público, a cantar, a bater palmas e até a acenar. Fomos todos cobertos por uma "chuva de brilhos" que cairam do cimo da sala e que enriqueceram mais o ambiente de fantasia que se sentia ali.
Os meninos vêm de lá encantados e identificam as músicas que vão escutando nos seus divertimentos do dia-a-dia.
Cresceram mais um bocadinho!
2 comentários:
Bom dia Isabel
E eu lá estive, com o maior prazer, a assistir a este maravilhoso espectaculo ( sózinha, porque a minha prole foi andar de bicicleta para o Parque da Cidade), muito bem exposto neste texto.
Só se esqueceu de dizer que a orquestra foi dirigida, de uma forma magnifica, pelo seu irmão
o Maestro Cesário Costa agraciado, no final,com um abraço caloroso e fraterno do grande Ruy de Carvalho.
Bjs
Maria da Graça
Deve mesmo ter sido magnifico.
E é tão bom para eles.
Parabéns ao Cesário, ainda só tive o prazer de o ver a dirigir uma orquestra na televisão.
Bj
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