À medida que os meninos crescem, sinto que é cada vez mais
difícil ser assertiva na sua educação.
Quando iam para o quarto pensar uns minutinhos, era bem mais
fácil, para eles e para nós. Já se diz que o tempo é o melhor remédio e nestas
ocasiões é melhor que qualquer ralhete ou uma surra bem aviada.
O tempo arrefece e refreia os ânimos e os estragos acabam
por ser menores. Os problemas mingam e a consciência surge para distinguir o
certo do errado.
Mas agora cresceram e mandá-los para o quarto
"pensar" é coisa do passado. O isolamento, se alivia a tensão
inicial, rapidamente se transforma em afastamento e alimenta o motivo que gerou
o conflito.
Se insistir, ainda me pedem que encoste a porta e ligue o
rádio na RFM.
Mesmo com tão pequena diferença de idades, noto que o mais
novo tem crescido com uma energia tal que toma vida própria do alto dos seus 8 anos.
Cada contrariedade é um conflito aberto e cada repreensão uma batalha titânica.
Quando me salta a tampa (e salta-me tantas vezes a tampa), ainda o aviso que
está a perder a noção do perigo…
- Que perigo?-pergunta ele.
- O perigo de levares uma surra!
Mas é tempo perdido e energia desperdiçada, porque os irmãos
não se educam pela mesma cartilha e o que era suficientemente persuasivo para
uns, não roça os calcanhares do receio para outros.
Também o que se poderia esperar dos filhos quando os
educamos para pensar e questionar, quando desenvolvemos o seu espírito crítico
e os impedimos de aceitar um “porque sim”?! Há que ser criativo, sem deixar de
ser determinado e o mais possível assertivo.
Com o G. tenho aprendido muito nesta nova abordagem da educação
e da disciplina e esgoto todas as formas de disciplinar que a imaginação me
permite.
Para já, vai funcionado e acabamos de sair gloriosamente de
uma semana de castigo. Castigo não, “período de avaliação”, como lhe chamamos. Apesar
da dificuldade em cumprir e das limitações que lhe foram impostas, ele mostrou
ter percebido que tinha ultrapassado os limites e acatou pacientemente o decurso
do tempo. É claro que tentou negociar e encurtar o tempo que ainda lhe restava
sem direito a televisão, mas não desobedeceu nunca. É uma grande vitória!
Sobretudo, ganhamos tempo de qualidade, com jogos e
histórias lidas a dois ao serão, passeios de bicicleta e jogos matraquilhos,
onde me deu uma abada monumental. Faz-me pensar que, agora, sou eu que preciso de
um “período de avaliação” e concluir que a televisão tem vindo a ser uma baby-sitter
de péssima qualidade, enquanto me ocupo nos afazeres do fim de tarde.
No fim da semana, felizes com a forma que encontramos para
resolver o problema, abraçamo-nos longamente.
- Parabéns filho, esta semana cresceste imenso!
- Pois foi, cresci no pensamento!