Em nossa casa, como certamente em todas as outras com gente lá dentro, há sempre muitas coisas para fazer.
Também aqui, como provavelmente nessas outras casas, o encargo maior fica por conta da "mãe" da casa que, para além de se encarregar pela sua gestão, executa grande parte das tarefas domésticas.
Foi sempre assim, e se calhar vai ser sempre assim, sem peso, sem mágoa, sem culpa. Acredito que faz parte da natureza das mulheres este empenho na busca da harmonia do espaço onde vivem, onde trabalham, onde estão e onde passam. É inato a qualquer mulher, colocar os objetos aos seu gosto e as rotinas ao seu jeito, mesmo as que rejeitam qualquer semelhança com o conceito de "fada-do-lar". Podemos resmungar, reclamar, protestar, mas no fim, o toque final é sempre nosso.
Isto é o que me parece, que não sou homem, mas pelas amostras que tenho em casa dizem-me que deve ser mesmo assim.
Sem lamentos nem constrangimentos, que este blog não tem espaço para isso, digo que também estamos muito bem assim!
Na verdade, mesmo que a sensibilidade não desperte, nem o género facilite, o dever obriga e todos somos chamados ao esforço comum, mulheres e homens, meninas e meninos.
Com a chegada da "troika", o plano de contenção da despesa também se aplicou em nossa casa e houve necessidade de distribuir novas tarefas que chegam bem para todos.
O grosso dos trabalhos está a cargo dos graúdos, mas os miúdos assumiram igualmente funções muito importantes na organização da casa. Ainda que não apeteça, nem a preguiça permitam, não deixam de desempenhar com zelo e boa cara. Até porque, se não o fizerem, mais ninguém o fará. Foi este o acordo de família!
Se a Leonor não regar as plantas, elas murcham, se o João não levar o lixo lá fora, fica a cheirar mal cá dentro e se o Gonçalo não tirar a roupa dos cestos da roupa suja, ela nunca aparecerá limpa nas gavetas.
Aos poucos, vão sentindo que são parte de uma engrenagem que só funciona se todos fizermos um esforço. Afinal, só poderemos usufruir da companhia uns dos outros, a conversas, a brincar ou simplesmente a "estar", se tivermos concluído as tarefas de que nos encarregamos.
Mesmo que possa parecer repetitivo, cansativo e entediante colaborar, às vezes também é desafiante e eles vão sentindo que estão a crescer e que podem cuidar da família tão bem como os pais.
Em tempo de férias, sem os deveres da escola a ocupar-lhes demasiado o tempo, têm ousado outras experiências em casa, para além das tarefas da "escala". O João já faz algumas vezes o jantar, ainda que sejam os pratos que ele mais aprecia, mas também não poderiam ser só desvantagens e tem-se saído muito bem, folgando-me uns preciosos minutos no fim do dia.
Agora a Leonor também se juntou na cozinha e fez há dias a sua primeira sopa que, para ela, foi a sopa mais saborosa que alguma vez comeu.
O Gonçalo deita a mão na massa para moldar uns apetecíveis biscoitos de canela.
- Fui eu que fiz!