Os vizinhos são os amigos de fim de tarde, de fim de semana e das férias do Verão.
Em tempo de aulas, se não há testes ou deveres para o dia seguinte, correm todos lá para fora ao encontro dos vizinhos. Eles estão sempre por lá, pela rua ou no ringue.
É verdade, a nossa rua tem um ringue, meio esquecido, meio maltratado, mas que ganha vida quando os vizinhos se juntam por lá a brincar. E aí, a imaginação é o limite. Jogam à bola, andam de bicicleta ou de patins e saltam de skate, em acrobacias impróprias para espetadores mais sensíveis. Têm quase todos idades diferentes, mas encontram sempre interesses comuns quando se fala de brincadeira. Até a pequenina Leonor de 2 aninhos, se quer juntar aos vizinhos mal ouve as gargalhadas que vêm de lá de fora ao fim da tarde.
Por lá os vizinhos, são os "vizinhos do ringue" e se falha algum do grupo, batem-lhe à porta a chamá-lo, não vá ter-se esquecido.
Agora nas férias, quando o calor aperta e a tarde ainda é longa, dão uns mergulhos na água, a fingir que a nossa rua é um resort e continuam a brincadeira na nossa casa.
Dos vizinhos ninguém se cansa, com os vizinhos ninguém se zanga, são uma espécie de irmãos de rua, numa amizade descomprometida e descomplicada.
Lancham ou jantam de vez em quando em casa uns dos outros, e o recado dá-se à janela, de lá, onde a mãe nos ouve. E comida, não há como a da vizinha!
Os meus vizinhos eram os amigos do "souto", o parque de austrálias bem no centro do Curro, para onde corria toda a criançada do lugar. As mães chamavam para o jantar do alto da rua, porque sabiam que estávamos todos lá. Uns chegavam com os joelhos esfolados outros a choramingar por um arrufo mais resolvido (esta era eu!). Mas no dia seguinte, estávamos lá todos outra vez.
Cá para mim, os vizinhos deviam ser elevados a património histórico mundial!