segunda-feira, 31 de outubro de 2011

oleado


Lá em casa a mesa está sempre posta! Para o pequeno almoço, o lanche da tarde e o jantar. Não há lugares fixos, porque a mesa é oval para caber sempre mais alguém. 

Nem sempre nos sentamos todos ao mesmo tempo, às vezes são 3, outras somos 4 e nos dias bons estamos os 5 à mesa do jantar.

Quando é preciso, também se podem acabar lá os trabalhos de casa ou pintam-se os desenhos "à larga", a aproveitar a luz que chega de fora.

Com tanto tráfego, a toalha da mesa era rapidamente trocada, congestionando irremediavelmente a linha de lavagem da roupa.

Mas este ano resolvemos o problema com esta toalha nova!



Com este tecido de algodão oleado da loja, juntei o útil ao agradável.
No design irrepreensível da Amy Butler, o tecido apresenta uma luminosidade única que regala a vista.


Cortei o tecido à medida (2,30 cm de comprimento) e apliquei um debrum em tecido de algodão a combinar com as cores da estampa. Escolhi o Cactus da Konna cotton e cortei tiras com cerca de 3,5 cm de largura. Uni-as umas às outras pelas pontas e apliquei a toda a volta do tecido, com a mesma técnica do binding dos quilts, mas pela ordem inversa: cosi a tira pelo avesso do tecido, fazendo os cantos em esquadria e virei para o direito. Deste lado, fiz uma bainha ao redor da toalha, com a mesma largura da beira do avesso, segurei com alfinetes e pespontei com linha de algodão da mesma cor.

A mesa da cozinha está agora à espera duma toalha nova, desta vez com este tecido, que foi o preferido do Gonçalo.

Para quem se atormenta com as memórias das toalhas de plástico da nossa infância, eu asseguro que esta não arrepia os pelos dos braços nem arranha as pernas.











segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Academia Anchor



Há uns anos atrás inscrevi-me na recém criada Academia Anchor, na Coats & Clark, aqui em Gaia, para aprender a bordar. 

Com a minha mãe aprendi a costura, o tricot e o crochet. Chegaram as crianças e tive vontade de explorar o ponto de cruz, mas faltava-me o bordado "sem esquadria" que tanto me fascinava nos lenços dos namorados.

Aprendi aí a bordar e a experimentar as belíssimas criações que um fio pode fazer num simples tecido.
Em bordado livre ou em ponto aberto, eram inúmeras as escolhas e as experiências partilhadas.

Nesta altura surgiu o convite para estar do outro lado da mesa e dividir com a Bia este gosto pelos fios e pelos tecidos. Com ela ficaram os bordados, as bainhas e os crivos "impossíveis" de imaginar. Comigo estava o tricot, o crochet e o patchwork. Ao longo de 3 anos partilhamos projetos, desenvolvemos técnicas, fizemos o enxoval dos bebés que nasciam neste grupo de avós, mães e filhas. Não havia programa estabelecido, projetos definidos nem níveis de aperfeiçoamento. Aprendiam-se novas técnicas, materializavam-se alguns desejos e a criação saia ao sabor do momento.

No entanto, no ano passado interrompi este trabalho por necessitar de uma pausa numa fase mais agitada da minha vida pessoal e profissional. 
Propus-me fazer atividades ocasionais (workshops) em áreas diversas e ideias não faltaram, mas este veio a ser um programa permanentemente adiado por mim, que acabei por me conceder um ano sabático.

Este ano decidi voltar à Academia, retomando o tipo de trabalho que tínhamos, ao sabor da vontade, da necessidade e dos gostos de cada uma. Entretanto, as agulhas não pararam e os tecidos tomaram novas formas e por isso, volto com ideias novas e projetos a vários "andamentos".

Se tiverem vontade de retomar as agulhas e os tecidos, a partir do próximo mês de  Novembro estarei com a Bia na Academia, aos sábados, no horário habitual, e levo comigo o tricot, o crochet e o patchwork para partilhar convosco.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

cheira a frio



Nos últimos tempos, em que viraram a nossa vida do avesso, a ver sobrar-nos cada vez mais mês no fim do dinheiro, parece que nem os meses sabem a que estação pertencem.

O calor estendeu-se mais do que podia, e seduz-nos para manter o ritmo das férias que já não temos.

Mas parece que o frio, finalmente, já está a chegar e com ele o cheiro a canela...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

coser as saudades

Nestas férias de Verão terminei, finalmente, uma manta para a cama do João.
Há mais de um ano, ele pediu-me para fazer uma manta para ele. Escolheu o modelo neste livro e as cores ao seu gosto, retiradas dos intensos sólidos das prateleiras da loja.



Animada pelo entusiasmo dele, logo de seguida cortei os moldes e depois os tecidos e planeie o trabalho.
No entanto, o ritmo dos dias trocou-me os planos e este trabalho juntou-se a tantos outros que acumulam pó nos sacos e caixas do quarto de costura.
Dia após dia, olhava para os tecidos prontos a coser sem tempo para lhes pegar e finalmente dar corpo àquele monte de tiras. O João perguntava-me insistentemente pela manta, com pena por não a ver crescer.
Com a consciência no chão, adiava o trabalho por isto e por aquilo, pelos presente de Natal e de aniversário e pelos milhões de coisas que se atravessam para fazer todos os dias.


Quando finalmente fiz o topo da manta, coloquei-a na cama para experimentar e reparei que era demasiado larga e curta para a cama dele.

Fiz, desfiz e refiz e voltou a ter forma, quase pronta para acolchoar.



Mas foi preciso o rapaz sair de casa para um acampamento de muitos dias, para me dar o empurrão que precisava. 

Enquanto pensava nele e na fantástica experiência que estava a viver, cosia as saudades com linha de algodão na manta que ele tanto desejava.


E aí, as horas rendiam e sobravam pela noite dentro, com o coração retalhado de uma mãe mimalha, que empurra os filhos para o mundo, a esconder uma lágrima no olho.



Ele regressou de lá novo, feliz, crescido e com uma manta nova para o cobrir nas noites de Verão.

Se calhar nada acontece por acaso e esta manta podia bem chamar-se "saudade"...