segunda-feira, 30 de março de 2009

Venham mais 5


Temos um amigo em casa esta semana, um amigo do J., de quem todos disputam a atenção.
São quase horas de jantar e eu estou pr'aqui online, com um ruído de fundo animado, de risos e brincadeira. Ninguém se zanga, ninguém se pega, ninguém se bate... Daqui a pouco vão à água e depois à sopa e ninguém reclama nem diz espeeeera! Não custa ir para o quarto e de manhã acordam antes da hora.
Parece que mais um é igual a menos dois e os muitos são muito mais mas fazem muito menos estragos.


Venham mais 5!


terça-feira, 24 de março de 2009


Será possível que alguém fique viciado num escritor?

Será possível ler a história que as palavras contam com a emoção de quem vive o romance? Não sei se são fases ou manias ou tendências de gosto.

Não sei sequer se há quem ache falta de gosto, mas gostos também não se discutem!


O que eu sei é que li (quase) todos os livros escritos pelo Tiago Rebelo com a emoção do primeiro, sentindo na pele a vida de cada uma das personagens, descritas de forma magnífica, com características únicas, inconfundíveis, como quem assiste à rodagem de um filme.
Fecho o livro com a h
istória a latejar na minha cabeça, com ânsia de retomar o enredo, de ler e reler os avanços e recuos duma vida que não é a minha.


Escritos com um rigor histórico irrepreensível e uma sensibilidade humana fora do comum. E fica um vazio quando chego ao final da última frase, com pena de o deixar, com receio de me esquecer, com saudades daquela vida, que podia ser a minha.

Terminei agora "Encontro em Jerusalém" e estou com muita dificuldade em voltar a pôr o livro na prateleira...


Bravo!

sexta-feira, 20 de março de 2009

para o pai

Com carinho,


do J.,


(auto retrato, a cera)

da L.,

(pintado a quatro mãos)

do G.,
(pintado a quatro mãos)

Um dia em grande, com um jantar a quatro, porque as mães são se querem para nada no dia que é só do Pai.

segunda-feira, 16 de março de 2009

zopinha de mazaz


Língua para cima, projecta para o céu da boca, atrás dos incisivos superiores. Isso, assim mesmo, agora diz le, la, la, la, repetir sempre 3 vezes, não afinal são 10, vamos, outra vez, la, la, la...le, le, le...li, li, li,...lo...lu, lu, lua. Muito bem! Agora a língua para baixo, atrás dos incisivos inferiores. Segura a espátula, empurra a língua. Boa força, agora repete sa, sa, já, xá, xá...exactamente, agora vamos repetir aqui, em frente ao espelho, mais 555000000 vezes.
Antes de dormir, (quase) todos os dias, temos os exercícios da Filó para fazer, com a L. há 4 anos e com o G. há dois,
- porque ua, diz-se Lua e a mãe chama-se Isabel e não Isabeu
- porque garro, lê-se Carro
- porque zaco, lê-se Saco
- porque esscola, diz-se Escola
- porque eu já nem sei como é que se fala, de tantos eles e esses, com a língua para cima ou para baixo e a espátula ao alto ou atravessada.
A ver televisão, a língua vai para a "casinha" e a escrever não se ferra a pobre, que se esforça tanto em estar no sítio. Aperta daqui, estende dali, que a língua é um músculo e não se pode desleixar.

Tem valido a pena e até eu já falo melhor. Deito o olho às bocas dos amiguinhos todos e nem os jornalistas e os ministros me escapam, a quem não fazia mal nenhum fazer umas sessões com a Filó. Como é possível que ninguém lhes disse que não é assim que se fala, que não se percebe nem fica bonito. Têm que pôr a língua no sítio e treinar muito, muito, muito.

Também fazem exercícios para corrigir a forma de pegar no lápis que, se não for com o polegar e o indicador, faz a letra torta, e calos desnecessários e dores musculares no antebraço. As coisas que eu sei!!!! Nem sei o que me segura para corrigir as meninas das lojas quando anotam o meu contacto, que pegam na caneta como quem pega num martelo e fazem aos dedos autênticos malabarismos caligráficos.

Quem me está a ler já anda às voltas com a língua, que eu sei, sem saber onde a pousar, que eu também sei e o que vale é que se pode mexer no rato com os dedos todos, porque quem escreve é o computador.

Estou como a L.,

- Pareço uma maluca!


segunda-feira, 9 de março de 2009

pas de deux

Quando ainda sobram sextas-feiras sem trabalho, quando ainda falta um ano para fazer 6 anos, mãe e filho podem brincar a dois.
Só por um dia, os trabalhos esperam e o G. pode, de vez em quando, ser filho único!

Ele aprecia e eu também.
De vez em quando é bom ser mimado a sós, e esquecer que é um de muitos.
Jogamos as damas, a aldrabar as regras, porque nenhum dos dois se importa.
Com papel, tesoura e aguarelas desenhou-me numa flor e coloriu-a sem pressa.
- Pendura ali na parede, ao lado da minha.


E à tarde, já sente saudades dos irmãos.

terça-feira, 3 de março de 2009

desmanchar

Mais de um mês em salas de espera, noites de sábado, finais de serão (e filas de trânsito) para desmanchar em 5 minutos e ficar com 4 novelos na mão.


Andava para fazer este modelo desde que o vi e pensei que tinha encontrado o fio certo para o vestido.

Às cegas e ansiosa por começar, montei as malhas de acordo com as instruções e segui o modelo mais pequeno, porque eu não sou propriamente alta e espadaúda como aquela loira alemã da fotografia. Só quando acabei as costas e uma manga, 70 longos centímetros de intrincado tricotar é que me apercebi que o modelo é lindo, mas as medidas não correspondiam à malhas, nem o fio era da mesma espessura do outro, e o resultado, não foi definitivamente o mesmo.

Ainda empatei uns dias e chateei umas amigas com perguntas desnecessárias para respostas óbvias.

Se não gostas, se não te vais sentir bem lá dentro, desmancha!!! Não é isso que tu nos dizes também?!

É (Raquel), é mesmo isso, e logo eu que não consigo olhar da mesma maneira para uma coisa depois de lhe encontar um defeito. Fico sempre a vê-lo e, enquanto não desfaço o mal feito, esforço-me a procurar razões para não o fazer.
Enfim, falta do que fazer!

Sou uma tricotadeira de revistas, dificilmente tiro um modelo só de vista, tenho que ler, reler, traduzir, contar e medir e ter a certeza, ou pelo menos, a forte probabilidade, de que o final é o que se vê na imagem.

Correu mesmo mal desta vez, e depois de reduzir tudo a fio, comecei outro trabalho, com outro fio, outro modelo, noutra língua e já vou com quase 30 cm de manga.

Depois hei-de voltar àquele, porque ele também não se há-de ficar a rir de mim!!!