sábado, 29 de setembro de 2007

Artes decorativas



Não são minhas estas artes, são da Paula Lobo, uma antiga colega do curso de lavores que, tal como eu, se perde com estas coisas que nos saem das mãos. Não resiste a livros nem a experimentar novas técnicas, e é assim que nos temos encontrado nos bordados ou na feltragem.
A sua arte está particularmente vocacionada para a pintura e decoração e os resultados são surpreendentes, originais e adaptados ao dia a dia.
Hoje visitei o seu atelier no Porto, na Rua do Bonjardim (n.º 635 - 1ºF) onde dá formação todos os sábados.
Fiquei tão encantada com o que lá encontrei que trouxe este presépio para pintar em casa. Tenho pena de não o poder fazer naquele ambiente, que certamente seria mais inspirador, mas neste momento já preciso de duas agendas para chegar ao fim do dia...

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Truta


Os últimos dias têm sido tão cheios, tão agitados e com tantas preocupações que não sei como me estou a dar ao luxo de vir aqui escrever.

O de ontem começou com um reprovável atraso na entrada da escola, recomendando eu que a L. pedisse desculpa à Sra. Professora pelo atraso.

Perguntei-lhe depois se ela se desculpou e ela disse que sim, explicou à Professora que:

- Esta manhã foi um bocadinho difícil!
Ando numa roda viva por causa da deadline que eu e a minha sócia nos auto impusemos para a abertura do nosso quiosque, com tantas coisas ainda por fazer, outras a surgir e o tempo a sumir-se por baixo dos nossos pés. A vontade é enorme, o entusiasmo é indescritível, mas o cansaço é indisfarçável, com umas olheiras que me chegam aos joelhos... Não vai lá nem com pozinhos mágicos...São horas a digitalizar, digitar, cortar, dobar, enfiar, catalogar, marcar preços e projectar.

Foi isso que ontem estive a fazer na marquesa da esteticista para um dos Kits de crochet que vão estar à venda na loja, de agulha e novelo em punho, enquanto ela ia fazendo o seu trabalho. O que vale é que ela é uma boa amiga e já me conhece tão bem que não chama o INEM nestas situações.

Está prestes a começar um outro projecto que me tem apaixonado, que é a formação em crafts, que vai decorrer aqui duas vezes por semana. Estou ansiosa por não saber se vou ser capaz de responder à expectativas, estou entusiasmada com as experiências que possamos fazer e a ferver com a reacção das pessoas que vão participar neste espaço.

Não fosse uma "corda" que me amarra os pés, e os faz estar ainda firmes na terra, e eu mandava-me de cabeça para tudo isto, que me enche as medidas e preenche os meus sonhos mais antigos.Tenho o projecto na cabeça há anos, a investigação acumulada, a experiência nas mãos, mas falta o resto, falta sempre alguma coisa... Talvez um dia seja completa a concretização deste sonho. Eu sou optimista por natureza e é assim que tenho encarado os meus dias.

Lamento não poder dar um beijo demorado aos meus filhos à noite, ler-lhes uns versos dos livros que chegaram ontem no correio e dar aquele abraço que os embala a noite toda.

Não pude dar ontem, dei hoje, e a recompensa foi enooooorme!

A L. acordou a dizer:

- Ó mãe, gosto tanto que tu me acordes assim, com um beijo e um abraço. Não há pais que gostem tanto de nós como vocês!!!
O J. acordou com cócegas e riu-se muito. Disse-me:

- Sabes porque é que eu não preciso de ti?! Porque tu estás sempre aqui!

(...)

- Tu és a "truta" das mães!

- "Truta"???

- A melhor de todas!
O G. não fez birras, vestiu-se sozinho e calçou as sapatilhas sem fazer ondas e eu, satisfeita, disse-lhes:

-Muito bem meninos, hoje vamos conseguir sair cedo de casa.
Dizem eles:

- A manhã está a correr mesmo bem...
Vindo da sala, ainda me diz o J.

- Quando for adolescente, ainda te vou deixar mandar em mim, porque eu quero ser um pai bom para os meus filhos!
E não é que o dia está a correr mesmo bem, até consegui escrever.

Talvez logo vá conseguir ler uns versinhos daqueles livros...

terça-feira, 25 de setembro de 2007

ninguém imagina...

...como são as minha manhãs. É impossível de imaginar o tormento por que passo todas as manhãs dos dias de semana até finalmente chegar ao meu local de trabalho, qual paraíso tão desejado...
Acho mesmo que já estava na altura de receber a medalha de mérito nacional por tão grandes feitos...
Concedo, abro duas excepções:
- sabe a minha mãe, porque de vez em quando também grama esta pastilha
- e sabem as mães de índios como os meus a quem também chamam de filhos.
Eu explico:
O J. acorda ( isto de "acorda" também já é um conceito amplo) todos os dias com uma neura descomunal, é literalmente içado da cama para que eu o consiga vestir, apesar dos seus 9 anos já bem feitos. Profere uns impropérios que eu seria incapaz de descrever e faz uns gestos e movimentos que demonstram, cientificamente, que o Homem descende mesmo do macaco. Tenho que o levar à casa de banho, lavar-lhe os dentes, deitar-lhe muita água naquela cara e despachá-lo lá para baixo para tratar dos outros.
A L., acorda muito bem, sempre com boa vontade, não fosse dar-se o caso de ultimamente se armar em top model e nunca se conformar com a camisola/saia/calças/meias/ganchos/sapatos que ela própria escolheu na véspera. Digo-lhe que está bonita, está liiinda, e que à noite já tinha chegado à conclusão que aquela roupa lhe ía ficar muito bem.
- Tu não percebes mãe?! Já não sei se o que eu escolhi ontem ainda fica bem hoje... e este gancho, e esta mola, tu não sabes que eu tenho um cabelo "gordo", não segura. Tu não sabes escolher...uaaaaa!!!!
E a quem apetece chorar é a mim!!!
O G., que normalmente é vestido como os "nenucos": tira meias, calça meias, tira calças enfia cuecas e calções, levanta, abre os olhos, tira camisola e enfia outra e é carregado ao colinho até ao andar de baixo, enquanto a "lady" acaba de se arranjar.
Mas hoje entornou-se o caldo também neste lado. Lembrou-se das sapatilhas novas, compradinhas ontem, e lembrou-se também da birra que fez durante duas horas (ai de quem duvide do que eu estou a dizer, porque tenho os vizinhos para o confirmar) porque os cordões, depois de 50 nós e contra nós, ainda ficam com uma pontinha de fora....
A culpa é minha eu sei, quem me mandou a mim fazer-lhe a vontade, comprar umas sapatilhas iguais às do irmão e não as habituais sapatilhas com fitas de velcro, em que fica tudo encaixadinho. Esquizofrenia do miúdo com que tenho que lidar, todos os dias, várias vezes ao dia.
De vez em quando, ele até faz um "jogo" comigo (não sei estou a parecer irónica...):
- Toma o iogurte G.
- Não é eeessse!!!
- Então vem ao frigorífico e escolhe.
- Escolhe tuuuuuu!!!
- Eu já escolhi, é este e se queres outro vem cá escolher.
- Escolhe tuuuuuu!!!
(....30 minutos nisto...começo a pensar que aquilo é uma espécie de password...)
A L. ainda me mima com palavras doces depois da passagem no "Cabo da Boa Esperança":
- Tu não podes ser nossa mãe, nenhuma mãe faz isto aos filhos, ralhar, logo de manhã?!!
(ralhar porque eu não grito para não provocar dores de cabeça em MIM!)
Final feliz: cada um vai pedindo desculpa a caminho da escola, uns antes de entrar no carro, outros durante a viagem e outros ainda com o beijinho de "bom trabalho"!

domingo, 23 de setembro de 2007

Viva a música!


Foram assim as primeiras palavras de Ruy de Carvalho na sua intervenção desta manhã no 1º do ciclo de Concertos Promenade do Coliseu do Porto do ano 2007/2008, à boa maneira de um excelente actor, com um tom de voz festivo e imponente.

Como já o fizemos muitas vezes, não tantas quanto o desejaríamos, assistimos a mais um Concerto deste ciclo que já se repete pelo 3º ano consecutivo e que tem reunido cada vez mais fiéis assistentes, sobretudo nas idades mais jovens.

A qualidade da música e a participação das crianças são os factores diferenciadores destes concertos, aqui como em Londres, onde têm a sua génese, e hoje não foi excepção.
Começam por chamar a Orquestra, que "obedientemente" aparece num palco instalado no centro da zona da plateia do magnífico Coliseu do Porto.
Depois da Orquestra vem o Maestro, e todos chamam "Maeeeestro". E ele também vem, em cada concerto, um Maestro diferente, à frente de uma orquestra diversa.
As crianças são chamadas a participar em pequenos concurso de perguntas, onde ganham uma pequena lembrança.
Uma das vezes foram convidadas a levar um instrumento de percussão para marcar o ritmo numa das obras. E como estes convites são feitos de uns concertos para os outros, o J. levou um instrumento feito por si: uniu duas tampas metálicas de sumo, colocando no interior pequenas pedras, que quando agitadas, produziam um som bem animado.
As obras de hoje incluíam vários momentos de percussão, a que o apresentador chamou os instrumentos de "pancadaria"...
Os miúdos adoram ir a estes concertos, sabendo que se podem sentir à vontade, com um pacote de bolachas ou um rebuçado na boca e sem que o barulho do papel incomode o vizinho do lado...
Todos os Concertos têm um convidado especial que, já o disse, neste foi o actor Ruy de Carvalho, que nos contou que, apesar de ser filho de uma pianista, se considera um "analfamúsico". Revelou-nos que, apesar disso, quando chega ao carro liga primeiro a música e só depois roda a ignição, poque o que gosta mesmo é de ouvir música bem tocada...
Ele pode não saber o valor das colcheias ou a entoação dos solfejos, mas sabe ouvir boa música, o que ficou demonstrado na escolha que fez para o Concerto, o Prelúdio de Tristão e Isolda (que já deu nome a uma das nossas gatas...), que vivem uma história de amor impossível.
Isolda estava prometida em casamento com o Rei Marke, tio de Tristão. Mas Tristão ama Isolda, que corresponde com o mesmo amor. Em face da impossibilidade de ficarem juntos, tomam os dois uma poção de morte, mas que é trocada pela aia de Isolda pela poção do amor. Os amantes entregam-se à sua paixão, mas conscientes que não poderiam ficar juntos, tomam a derradeira poção da morte, que efectivamente se cumpre. Compadecido com o amor dos dois, o Rei Marke manda sepultá-los juntos.
Tal como já havia avisado, Ruy de Carvalho emocionou-se no final da obra. É de facto emocionante!
Para as crianças esta é também uma oportunidade de aprender história, da música ou universal, como aconteceu com a interpretação da Abertura Solene 1812 de Tchaikovsky, que relata a derrota das tropas de Napoleão frente à Rússia. É que a música é acompanhada da projecção de imagens com pequenas notas indicativas da sucessão dos acontecimentos.
O que realmente apanhou de surpresa adultos e crianças foram os sons dos canhões (pirotécnicos) que rebentaram estrondosamente em pleno Coliseu do Porto e que intensificou as emoções que iam acompanhando a evolução das batalhas.
O J. ficou tão espantado que disse:
- Mas eles pensam em tudo?!!!
O G., que se manteve atento o concerto todo, rematou:
- Eu não "assustei-me"!
A última obra interpretada foi a Marcha de Pompa e circunstância de Elgar, que envolveu a participação de todo o público, a cantar, a bater palmas e até a acenar. Fomos todos cobertos por uma "chuva de brilhos" que cairam do cimo da sala e que enriqueceram mais o ambiente de fantasia que se sentia ali.
Os meninos vêm de lá encantados e identificam as músicas que vão escutando nos seus divertimentos do dia-a-dia.
Cresceram mais um bocadinho!

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A mercearia do meu avô!


Hoje, pela manhã, encontrei na farmácia um tratamento que só estava habituada a assistir na mercearia do meu avô. O farmacêutico lia os resultados das análises de uma cliente e aconselhava-a a ir ao médico, tranquilizando-a que parecia estar tudo bem. Antes de eu sair ainda chegaram 4 senhoras, todas vizinhas, conhecidas ou mesmo amigas que conversavam e se animavam juntas ali, na farmácia.

Lembrei-me então da mercearia do meu avô, que existiu no mesmo lugar, dirigida por duas gerações de "Cesários", durante mais de 70 anos. Como vivi até aos 12 anos numa casa ao lado da dos meus avós e como até nasci em casa, aquela mercearia, a loja, como lhe chamávamos era mais uma divisão da minha casa. E quem a fazia assim era o meu avô!

A inicial comparação com a farmácia deve-se ao facto de também lá se vender "de tudo", desde alimentos, bebidas, carnes frescas, salgadas ou congeladas (já na fase da minha avó, o que dará tema para mais de 10 post's...), produtos de higiene da casa e pessoal, calçado, linhas ou aviamentos de costura, material escolar e brinquedos, pregos e petróleo e até pastilhas para as dores de cabeça à unidade (que escândalo que pode parecer para quem não conhece o lugar...). Descontavam-se vales e ofereciam-se conselhos.

Era e ainda é terra de pedreiros, da magnífica serra de Canelas (ou de Negrelos, para amenizar divergências) e de cultos estranhos à volta da Capela do Senhor do Calvário, onde se acendiam umas velas (que o meu avô vendia) e se "deitavam" umas rezas.

Qualquer produto desejado por um cliente, e que não estivesse disponível no momento para a venda, seria comprado na tarde de 2ª feira (único período em que a loja estava fechada), onde o meu avô e o seu irmão Carlos (que era alfaiate) iam à baixa do Porto fazer as suas compras tão especiais.

Recordo-me tão bem de o ver chegar com os embrulhos de papel atados com cordel para facilitar o pesado transporte das suas compras.

Na mercearia do meu avô, que se localizava na rua a que deram o nome do meu bisavô, seu pai, o 1º Cesário de tantos da família, os pedreiros iam beber o seu copito de vinho ao fim da tarde. Sentados nos bancos aí colocados propositadamente, deitavam conversa ao ar, trocavam desabafos e esqueciam os problemas da vida.

Foi nesta mercearia que, do lado de dentro do balcão, ensinei 3 ou 4 pedreiros a assinar o seu nome, enquanto substituía o meu avô na sua hora de jantar (que para não prejudicar os clientes, era sempre desfasada da nossa). Com a energia de uma criança de 8 anos e o atrevimento que nunca me sossegou, obriguei-os a comprar cadernos de duas linhas (daqueles horizontais, de folhas fininhas...), lápis e borracha e marcava-lhes diariamente trabalhos de casa. E eles faziam, não sei se por gosto e orgulho de dizer que sabiam assinar o seu nome, ou se para fazer a vontade à neta do Sr. Cesário, que muito estimavam.

Já está ser difícil escrever este post, porque sinto tanto a falta do meu avô e dos sábios conselhos que sempre me deu, das histórias que contava, camuflando um sermão e do seu assobio de mãos fechadas que alegravam os nossos encontros, os meus e o dos meus filhos, que ainda o conheceram muito bem...

Tal como "traçava" com gasosa os copos de vinho dos seus clientes para que, quando chegassem a casa, o álcool não os fizesse bater nas mulheres e nos filhos, também me aconselhava (nunca me proibiu) a não comer a lambarice que lhe pedia "porque depois a tua mãe vai ficar triste contigo por não teres apetite para a comida e depois, é capaz de te castigar...mas se mesmo assim quiseres eu dou-te"... Eu é que já não queria.

Ao fim de semana e sobretudo ao final do mês íamos todos ajudá-los a servir as clientes de mês, para dar uso à máquina calculadora onde nunca premiu uma tecla. A única oportunidade que nos dava era a de adicionar todas as parcelas dos preços que sabia de cor e do resultado apurado mentalmente do peso aferido na balança decimal (com pesos e contra pesos).

O meu avô também tinha um livro do deve e do haver, de cada um dos seus clientes a crédito. O dele era preto e grande, e cada cliente tinha o seu pequeno, para saber a quantas andava. E em tempos difíceis como eram aqueles, saiam da loja a dizer...

"Ó Sr. Cesário, é pr'ó livro"
O meu avô era muito bonito (quem não se conformava era a minha avó que, apesar de ser linda, perdia-se de ciúmes dele), de quem herdei os olhos azuis, tinha um porte atlético, que mantinha todas as manhãs, fazendo flexões entre os balcões da loja, minutos antes de a abrir (nunca depois das 7h) e dormia a sesta todas as tardes...no chão...para não se deixar ir pelo sono.

Dele fiquei com algumas recordações materiais, porque as da memória não se apagarão nunca, com as quais tenho mais afinidade: o metro, as linhas, as fitas, o papel mata borrão e as canetas de pena.

O texto é grande, mas não consegue retratar a grandiosidade do meu avô!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ainda à volta da bola...

Estavam os 3 a discutir futebol no carro, a caminho de uma festa de aniversário (os pobrezinhos...), dizendo que o jogador CR é o maior, e que o Porto é um espectáculo, e que os outros só marcam faltas, e que os bons adeptos são os que gritam golo, e tudo, e tudo, e tudo...
Com uma nuance: é que nenhum deles se apercebeu que estavam os 3 a defender o mesmo clube e os mesmos jogadores e as mesmas jogadas...
Simplesmente decidiram que tinham que discutir e que o tema seria futebol.
A meio apanhei-lhes esta:
- É, é, boas jogadas, vocês nem um golo conseguem marcar! - gabava-se o J.
- Tu também não sais da frente da baliza para eu marcar um golo!!!
Pois claro! E então não era mais fácil?! Até o tal CR ia gostar da ideia...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Alfineteiro

Daqui...


para aqui...


Bastou estarem duas amigas a conversar sem horas numa agradável tarde sábado.

domingo, 16 de setembro de 2007

Foram à bola!


Os rapazes. Só os rapazes é que foram à bola, ao Estádio do "dragom", com o pai e um amigo. É assim, os bilhetes eram só 3, a família é numerosa e o "pinchabelho" não pode entrar à borla, tivemos que fazer uma selecção. Se eles não me tivessem excluido liminarmente, era eu que o fazia.

Desde que namoro com o R. (o que acontece desde os meus 14 anos. Ele há doidas para tudo...), que lhe prometi que o acompanhava ao futebol, como ele me acompanhava nas exposições e nos concertos de música clássica, desde que eu pudesse levar um livro para ler. A perspectiva deve-o ter deprimido tanto e pensando nunca conseguir viver com essa vergonha, que nunca convidou.

Por isso, o convite era mesmo SÓ para os filhos.

E como há sempre alguma coisa que sobra para mim, "sobrou-me" convencer a L. a deixar os rapazes irem com o pai, que nós faríamos um programa só de miúdas.

Lá foram eles, 2 horas antes de começar o jogo (nunca hei-de perceber porque é que é preciso ir de véspera para o estádio), de camisola vestida (daquelas sintéticas, desconfortáveis e pirosas nas horas...mas isto é só minha opinião!!!) já a falar grosso...

Quando chegaram, já a horas muito indecentes, vêm com o gás todo e empunhando uma bandeira (cada um, porque o pai não facilita), com o dobro do tamanho deles.

O J., cantava CAMPEÃÃÃÃOOO e gritava "O PORTO É O MAIOOOR!

O G. fazia um V com os dedos, indicando os golos que o Porto marcou. Mas como de fonte segura soube que só foi um, deduzo que o que ele queria era fazer era o V de VITÓRIA!

Para não parecer muito chata e com a mania que sou erudita, lá lhes perguntei como é que correu o jogo.

- Um jogador morreu, mãe!- diz o G.

- Quê?

- Não mãe, saiu só cheio de sangue em cima de uma "cama"...- esclarece calmamente o J.
Não sei porquê, mas o esclarecimento não me deixou aliviada e tenho que me recompor até os deixar ir outra vez ver estas cenas ao vivo.

O top dos top's dos comentários foi quando o G. disse que as bolas foram para a D. Rosa...

É que a D. Rosa é a nossa vizinha, que tem uma paciência inacreditável ao "gramar" com todas as bolas (e elas são mesmo muitas) que por falha de remate sobem o muro e caem no seu quintal. Paciente e diariamente ela lá as vai recambiando para o nosso jardim. Nunca reclamou connosco e nós agradecemos-lhe até à eternidade...

Parabéns tenho que dar ao pai que, apesar de Benfiquista, tem incentivado os filhos a ser adeptos do Porto para que, ao contrário dele, possam ver o jogos do clube da sua terra...

Eu não me esforçava tanto...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Ora aí está!

À hora do jantar, e depois de muitos ralhetes por causa de um boneco que teimava em ir para o colo da L., atrasando ainda mais o seu ritmo a comer, o J. levanta-se, pega no boneco e diz:
- Ó mãe, tu gostavas mesmo é que nós fossemos como o "Chicco", à noite fazíamos assim...




... e de manhã que acordávamos assim...




Eu já nem pedia tanto!

Bastava-me que não reclamassem quando os deito, e acordassem bem dispostos quando os acordo.

Agora se a isso estivesse associado o movimento mecânico de abrir e fechar daqueles olhinhos, então era ouro sobre azul!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A Mestra!



Depois de um fim de semana a dar ao pedal e ao olhar para o estado lastimável do meu quarto de costura, lembrei-me da "Mestra".

A "Mestra" da minha infância era uma costureira que ensinava a sua arte às meninas durante as férias escolares.

Normalmente juntava no seu "quartinho", agora chamado "atelier", 6 ou 7 meninas de várias idades, que passavam as tardes a costurar uma saco do pão, ou um pano da louça, a pregar botões, a pontear meias e, numa fase mais avançada, a fazer a sua própria saia.

Começava-se sempre com a costura à mão, com o básico ponto atrás, que se demorava até chegar ao fim da costura... Foi à mão que fiz (Afinal foi a minha irmã que fez. Que galo!) o saco do pão que está na imagem, com uma antiga chita de algodão, restos que a minha mãe ia juntando, onde caseei na beira de cima as passagens da fita de nastro.

As mais avançadas já faziam as costuras na máquina de pedal, ficando as principiantes a morrer de inveja por tamanha velocidade.

Eu também andei na "Mestra", que para mim era especial porque era a minha madrinha. E eu bem puxei dos meus galões de afilhada, fazendo questão de me sentar sempre que podia na cadeira que ficava ao lado da sua, para estar sempre a importuná-la com as minhas dúvidas ou a lamentar-me com os meus enganos.

- Ó madrinha, eu não consigo!!!!

Passava lá então parte das minhas férias de Verão, sentada num banquinho baixo de madeira, daqueles que têm um buraco no meio do assento, a confeccionar os meus primeiros trabalhos de costura. Cozi à mão, depois à máquina, na velha máquina de ferro da minha avó, supostamente mais segura para os desastres das aprendizes. Ainda assim eu consegui partir uma agulha enquanto inadvertidamente "cozia" o meu dedo indicador... A marca aqui continua...

Depois de muito faz e desfaz (porque a minha "Mestra" não dava folga...) e boas gargalhadas à mistura, chegava a hora de arrumar o quarto. Estávamos escaladas para os diversos trabalhos: uma para a vassoura, outra para empilhar os bancos e outra para apanhar os alfinetes de novo para a caixa (porque então, como agora, não era tempo de desperdício...)

Ontem, no meu quarto de costura, acabei o meu trabalho, olhei para mim e estava com a roupa pintalgada de pontas de linhas, apanhei do chão os alfinetes e tive saudades desses tempos!

domingo, 9 de setembro de 2007

Costurando...



O dia de ontem valeu mais do que 10 sessões de psicanálise (digo eu, que nunca fiz).

Consolei-me a costurar o dia inteiro e o trabalho rendeu imenso.

Com a chegada da Maria, que se veio juntar à amiga Clara, tivemos que lhe fazer uma roupa nova, cujo tecido e modelo foi escolha da L. Fizemos também com o mesmo tecido uma colcha fofinha para a cama das duas.


O dia deu ainda para fazer dois individuais de mesa, reversíveis, como protótipo de uma experiência de futuro (???)

Adiantei aquele outro trabalho que já iniciei há algum tempo e que está agora prestes a ser quiltado.


Ainda fiz um presente para uma amiga que não posso ainda fotografar porque ela só faz anos em Outubro e assim estragava a surpresa...


Há dias que correm mesmo bem!!!

sábado, 8 de setembro de 2007

Já ganhei o dia!


A L. com a Montepuez vestida, para a galeria da Sósaias.
Eu pedi-lhe para a vestir e ela fez-me o jeito. Qualquer dia é ela a pedir-me para a vestir e eu a ter que lhe fazer esse jeito...
Entretanto, a L. diz-me coisas lindas:
"Ainda bem que o Jesus inventou que eu fosse tua filha!"

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Festa do Caloiro



Hoje, os mais velhos tiveram uma festa especial no ATL, a Festa do Caloiro, com direito a padrinho e a madrinha (a quem a L. chamou tia, quando me contou o que aconteceu na festa...).

À primeira vista, para quem já está no 2º e 4º ano, não faz muito sentido receber o estatuto de "caloiro". Mas a verdade é que eles são mesmo caloiros, numa escola onde fizeram o pré-escolar, e para a qual voltaram depois de frustradas as tentativas desta mãe e da "super avó" de fazer um acompanhamento escolar mais próximo.

Sempre pensei que, com uma avó professora e sempre disponível, os meus muitos teriam um "ATL de luxo", por ser personalizado, próximo e praticamente exclusivo.

Enganei-me, tal como acontece comigo e com o pai, também com a avó a reacção dos meninos às nossas explicações e orientações não é a melhor...

- Não foi assim que eu aprendi!

- Tu não estás a perceber nada!

- Não foi assim que a minha professora ensinou!

- Eu é que sei!

- A professora só mandou fazer isto!

- Não quero trabalhar mais!

...e outros mimos de que agora já nem me lembro!!!

Decidimos então inscrevê-los na escola para onde entraram com 2 anos e que agora os recebe com o mesmo carinho do 1º dia.

Não foi muito fácil esta opção, por trazer consigo uma certa frustração e por envolver um encargo financeiro bastante superior. Mas é assim, quem tem 3, faz contas de multiplicar por 3 e toma decisões a 3 e as nossas têm sido bem ponderadas. Pelo menos tentamos!

Apesar de terem voltado ao trabalho antes do habitual, estão felizes e não reclamam por acordar cedo.

Eu também estou feliz por eles e por mim, que quando os vou buscar, posso ser só mãe, matando as saudades que vou acumulando ao longo do dia!!!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Sabe mais que o Papa...



Tiradas do J.:

- Ó mãe, tu és o meu maior tesouro! Não te trocava nem por uma PS3!

* * * * *

Dá-me uma palmada no ombro e diz-me:

- Tens o espírito da tua mãe!

* * * * *


Depois de mais um conflito familiar, por outros palavras, depois de uma cena de "pancadaria" entre irmãos por causa de um carro do tamanho de uma unha, eu alcanço a desejada paz com uma longa conversa entre os "guerrilheiros", e o J. conclui:


- Eh mãe, tu pareces Deus, assim a dar conselhos!


* * * * *


A contar uma história antes de dormir, no quarto de um deles e já desatinada com a indiferença a que me voltaram, digo:


- Se não estiverem com atenção, eu não conto a história.
Responde o J.:


- Eu estou a usar a visão e o tacto com o meu dinossauro e com a audição estou a ouvir a tua história.
Pelo menos fiquei esclarecida.


* * * * *


Com o pai a fazer braço de ferro:

- Ó pai, como é que tens esse músculo?

- Como muita sopa.-responde.

- Mas tu nem comes sopa!!!

- Mas trabalho muito...-tenta a sua sorte.

- Tu nem uma camisola sabes passar a ferro...


Haja alguém que dá valor ao trabalhinho aqui da "sopeira"...

* * * * *

O J. também já me disse que, quando ele for adulto e se eu quiser, posso continuar a viver na minha casa, porque ele não se importa, até faz gosto...




É assim o J., tantas vezes carinhoso, como insurrecto, tantas vezes criativo, como desastrado...


E foi num momento de criatividade que se lembrou de fazer com dois paus e fita cola uns skis domésticos...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Leituras

Hoje comprei este livro para mim...




Mas ando a ler este...
Estes ainda estão à espera de tempo...

Os meninos também receberam um presente pelo bom regresso à escola...

Quando compro um livro, sinto-me sempre um bocadinho mais rica, ainda que o vá ler dali a muito, muito tempo.
Como diz a minha amiga Fatinha, os livros não se emprestam, só se recomendam!
E a verdade é que, depois de ler um livro, já não me consigo separar dele...


domingo, 2 de setembro de 2007

Os tempos estão mudados!


Depois de um Julho sem chuva e de um Agosto ventoso, temos um Setembro com sol.

Está tudo doido!

Desde miúda que me lembro de o mês de Agosto ser o mês da praia por excelência, com autocarros cheios de crianças, bóias e lancheiras. Até os carros iam a abarrotar de passageiros.

Lembro-me de a minha mãe ir connosco (quando ainda éramos só dois) para a praia de Miramar, mesmo junto à Capela do Senhor da Pedra. Levávamos também os nossos primos quase todos e éramos pr'aí uns 7 "índios" a bordo (a Brigada de Trânsito que não saiba...).

Naqueles tempos era a única forma de os meus primos irem à praia, porque a vida era mais difícil para alguns e com uma Titi professora, as coisas iam-se compondo.

(Que sorte tem a geração dos meus filhos!)

A praia era então de dia inteiro, com direito a barraca montada pelos primos mais velhos e habitualmente levava-se refeição quente para todos.

As brincadeiras de praia, com muitos menos baldes e pás, eram inventadas por nós, boicotadas ou "radicalizadas" pelos mais velhos. Quem não se lembra do ski de areia, ou das coroas de rei feitas com a toalha da praia...?!

As mães até tinham mais tempo para os acabamentos de costura com trabalhos de mão...

Confesso que às vezes gostava de ter sido mãe naquela época.

Como éramos muitos, ninguém se atrevia a escapar e mantinhamo-nos todos por perto até à hora de ir ao banho. Sim, porque havia hora de ir à água, após as sincronizadas 3 horas de digestão.

Lembro-me perfeitamente de a minha prima Lete fazer-me o baptismo de água do mar. Fartei-me de gritar, porque sempre fui uma mimalhona!

Hoje recordei esses dias porque, depois de 3 semanas de férias em Agosto e com 3 idas à praia por pouco mais de 1 hora, corridos que vínhamos com o temporal que se sentia nestas praias do Norte, estou no dia 2 de Setembro na praia com um sol esplêndido e sem ponta de vento.
Estive a jogar raquetes com 2 dos meus filhos, já a começar uma discussão, porque queriam que eu fosse a "lançadora" para os dois, não admitindo passes um para o outro (alguém me explica como é que isto se faz???). Logo eu, que já estava frustrada depois de estar a tentar jogar "futebol fintado" com o J.. Porque é que ele não se convence que eu só percebo de fitas e não de fintas?!

O.K., só me estou a queixar porque o babby sitter das crianças, que por acaso também é o pai delas, resolveu ir correr à beira mar e me deixou entregue à "bicharada" (salvo seja, senão faz de mim também bicho...), sempre faminta de jogos de praia. E eu não tenho mesmo jeito nenhum para a "poda"!

Assim se prevêem os dias de Setembro, sem as nortadas de outros tempos e com um sol que só vamos poder "provar" ao fim de semana...
(A imagem do topo foi digitalizada do livro "Gaia por revelar")

sábado, 1 de setembro de 2007

Grande Empresa

Enquanto eu e a minha irmã vamos preparando o nosso "quiosque", os meus filhos resolveram criar a sua própria empresa, por iniciativa do J..
As tarefas foram distribuídas e os salários fixados.

A L. e o G. são ambos colaboradores, a L. na investigação (dever andar perto do chamado estudo de mercado) e o G. na execução das tarefas. O J., obviamente, é quem manda no estaminé!
- Eu sou o Gestor! - diz ele - E vou pagar aos meus empregados 1 € por mês.
(Não começa bem o rapaz, a investir tão miseravelmente no trabalho da classe operária...)


Quando os vi assim a trabalhar, de forma tão entusiástica, lembrei-me de uma outra menina que, em criança, dizia sempre:
- Quando eu for grande, vou ser Gestora de uma grande empresa!
Coincidência ou não, o que é facto é que essa menina é agora minha sócia naquela que esperamos que seja uma grande, grande empresa.